domingo, 12 de novembro de 2017

E as crianças? (1ª Samuel 15.2)

E as crianças? (1ª Samuel 15.2)



Essa pergunta foi feita quando debati em um programa de TV com um calvinista que a usou para interromper uma resposta que eu estava dando sobre Jacó e Esaú. Na época (devido às interrupções) tive menos de 30 segundos para responder e por isso me comprometi a voltar debater o tema. Logo a baixo transcrevo a resposta que daria se o tempo fosse propício.

A meu ver, a morte das crianças cumpre dois papéis:

1 - Tratou-se de um ato de Justiça porque Deus disse que visitaria a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração dos que Lhe aborrecessem (Números 14:18). Além de punir duplamente os pais ímpios, ao verem a morte de seus filhos, o Senhor ainda executou a Sua Reta Justiça.

2 - Tratou-se também de um ato de misericórdia porque Deus disse que das crianças é o Reino dos Céus (Mateus 19:14). Com tal afirmação, Deus estabeleceu uma clara diferenciação de condição de julgamento entre adultos e crianças, até porque a quem muito é dado, muito lhe será cobrado (Lucas 12: 48). Dessa forma, a morte das crianças, nos vários episódios registrados na Bíblia, na verdade representa uma ação de misericórdia da parte de Deus. Certamente, se crescessem naquelas condições, elas seriam ímpias como seus pais e morrendo enquanto adultas, receberiam a justa condenação. Podemos lembrar que quando seus pais eram mortos também há misericórdia na morte de crianças, especialmente os bebês, pois se vivessem poderiam morrer à míngua ou ser vendidos como escravos.
Quando alguém cita a morte de crianças como uma justificativa para os supostos decretos de Deus, eu me recordo do acontecimento fatal envolvendo Caim e Abel.
A primeira coisa que me vem à mente é o duplo castigo dos pais deles (Adão e Eva). Eles tinham plena consciência de que o assassinato de um dos filhos era culpa direta das suas desobediências, as quais trouxeram o pecado para o mundo, e com ele, a morte.
Em segundo lugar, fico meditando sobre quem, de fato, foi mais bem aventurado: Caim ou Abel? Caim viveu muitos anos sobre a face da terra, longe de seus pais e de Deus, e levou sobre si a mancha do assassinato do seu irmão. Teve uma vida maldita e terminou sua carreira com o seguinte título da parte de Deus: ERA DO MALIGNO (1ª João 3:12). Já Abel viveu poucos anos sobre a face da terra, mas foi tido como JUSTO pelo Senhor (Mateus 23: 35 e Hebreus 11: 4), fazendo parte da galeria dos heróis da fé.
Para terminar cito o anabatista Menno Simons:

“A SALVAÇÃO DAS CRIANÇAS

Apesar de que as crianças não tem fé e nem recebem o batismo, não pense que por isso estão perdidas. Oh não! São salvas porque tem a promessa do próprio Senhor que delas é o Reino de Deus. Não por meio de algum elemento, cerimônia, nem rito exterior, mas somente pela graça de Jesus Cristo. E é sabido que cremos sinceramente que a graça se estende até elas, e que além disso, são aceitas diante de Deus, puras e santas, herdeiras de Deus e da vida eterna. Com base nesta crença, todos os cristãos devem estar seguros e regozijar-se ante a certeza de que suas crianças são salvas. Se morrerem antes de chegar à idade do entendimento e de poder ouvir e crer, estarão sob a promessa de Deus e serão salvas, e isto não por outros meios, mas pela preciosa promessa da graça dada pelo Senhor Jesus. (Lucas 18:16). Mas se, tendo chegado à idade da compreensão, ouvem e creem, devem ser batizadas. Se não aceitam ou não creem na Palavra uma vez que chegaram nesta época da vida, sejam ou não batizadas, estarão perdidas, como Cristo mesmo ensinou. (Marcos16: 16). Visto que, se sob a Antiga Dispensação as crianças eram recebidas no pacto de Deus mediante a circuncisão, e os da Nova Dispensação por meio do batismo como Ele afirma, daí se desprende irrefutavelmente que as crianças que morreram antes do oitavo dia e aquelas que não foram circuncidadas no deserto (Josué 5:5) assim como todas as mulheres, não pertenciam a Igreja ou congregação Israelita e, portanto não tinham parte na graça, pacto ou promessa. O mesmo deveria aplicar-se as crianças que morrem antes de terem sido batizadas. Oh abominação espantosa!”
Fonte: Biografia de Menno Simons, página 80.



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