E as crianças? (1ª Samuel 15.2)
Essa pergunta foi feita
quando debati em um programa de TV com um calvinista que a usou para
interromper uma resposta que eu estava dando sobre Jacó e Esaú. Na época (devido
às interrupções) tive menos de 30 segundos para responder e por isso me
comprometi a voltar debater o tema. Logo a baixo transcrevo a resposta que
daria se o tempo fosse propício.
A meu ver, a morte das crianças cumpre dois papéis:
1 - Tratou-se de um ato de Justiça
porque Deus disse que visitaria a maldade dos pais nos filhos até a terceira e
quarta geração dos que Lhe aborrecessem (Números 14:18). Além de punir
duplamente os pais ímpios, ao verem a morte de seus filhos, o Senhor ainda
executou a Sua Reta Justiça.
2 - Tratou-se também de um
ato de misericórdia porque Deus disse que das crianças é o Reino dos Céus (Mateus
19:14). Com tal afirmação, Deus estabeleceu uma clara diferenciação de condição
de julgamento entre adultos e crianças, até porque a quem muito é dado, muito
lhe será cobrado (Lucas 12: 48). Dessa forma, a morte das crianças, nos vários
episódios registrados na Bíblia, na verdade representa uma ação de misericórdia
da parte de Deus. Certamente, se crescessem naquelas condições, elas seriam ímpias
como seus pais e morrendo enquanto adultas, receberiam a justa condenação.
Podemos lembrar que quando seus pais eram mortos também há misericórdia na
morte de crianças, especialmente os bebês, pois se vivessem poderiam morrer à
míngua ou ser vendidos como escravos.
Quando alguém cita a morte
de crianças como uma justificativa para os supostos decretos de Deus, eu me
recordo do acontecimento fatal envolvendo Caim e Abel.
A primeira coisa que me vem
à mente é o duplo castigo dos pais deles (Adão e Eva). Eles tinham plena
consciência de que o assassinato de um dos filhos era culpa direta das suas
desobediências, as quais trouxeram o pecado para o mundo, e com ele, a morte.
Em segundo lugar, fico
meditando sobre quem, de fato, foi mais bem aventurado: Caim ou Abel? Caim
viveu muitos anos sobre a face da terra, longe de seus pais e de Deus, e levou
sobre si a mancha do assassinato do seu irmão. Teve uma vida maldita e terminou
sua carreira com o seguinte título da parte de Deus: ERA DO MALIGNO (1ª João 3:12).
Já Abel viveu poucos anos sobre a face da terra, mas foi tido como JUSTO pelo
Senhor (Mateus 23: 35 e Hebreus 11: 4), fazendo parte da galeria dos heróis da
fé.
Para terminar cito o
anabatista Menno Simons:
“A
SALVAÇÃO DAS CRIANÇAS
Apesar
de que as crianças não tem fé e nem recebem o batismo, não pense que por isso
estão perdidas. Oh não! São salvas porque tem a promessa do próprio Senhor que
delas é o Reino de Deus. Não por meio de algum elemento, cerimônia, nem rito
exterior, mas somente pela graça de Jesus Cristo. E é sabido que cremos
sinceramente que a graça se estende até elas, e que além disso, são aceitas
diante de Deus, puras e santas, herdeiras de Deus e da vida eterna. Com base
nesta crença, todos os cristãos devem estar seguros e regozijar-se ante a
certeza de que suas crianças são salvas. Se morrerem antes de chegar à idade do
entendimento e de poder ouvir e crer, estarão sob a promessa de Deus e serão
salvas, e isto não por outros meios, mas pela preciosa promessa da graça dada
pelo Senhor Jesus. (Lucas 18:16). Mas se, tendo chegado à idade da compreensão,
ouvem e creem, devem ser batizadas. Se não aceitam ou não creem na Palavra uma
vez que chegaram nesta época da vida, sejam ou não batizadas, estarão perdidas,
como Cristo mesmo ensinou. (Marcos16: 16). Visto que, se sob a Antiga
Dispensação as crianças eram recebidas no pacto de Deus mediante a circuncisão,
e os da Nova Dispensação por meio do batismo como Ele afirma, daí se desprende
irrefutavelmente que as crianças que morreram antes do oitavo dia e aquelas que
não foram circuncidadas no deserto (Josué 5:5) assim como todas as mulheres,
não pertenciam a Igreja ou congregação Israelita e, portanto não tinham parte
na graça, pacto ou promessa. O mesmo deveria aplicar-se as crianças que morrem
antes de terem sido batizadas. Oh abominação espantosa!”
Fonte: Biografia de
Menno Simons, página 80.
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