segunda-feira, 30 de novembro de 2015

O QUE É TEOLOGIA PENTECOSTAL?


O QUE É TEOLOGIA PENTECOSTAL?

Por Pr. Esequias Soares

A teologia pentecostal se fundamenta nas Escrituras Sagradas; é histórica e mantém o pensamento teológico dos reformadores quanto às doutrinas cardeais da fé cristã. Ela, segundo Stanley M. Horton, impediu o avanço das idéias liberais,3 além de enfatizar a doutrina do Espírito Santo, que nunca havia recebido um tratamento justo nos tratados de teologia: “os antigos compêndios de teologia sistemática, em sua maioria, não possuem nenhum capítulo sobre pneumatologia”.

Eruditos, durante e após o avivamento da Rua Azusa, em Los Angeles (EUA), no início do século XX, empreenderam vários estudos sobre o Espírito Santo, o batismo no Espírito, a glossolalia 5 e os dons do Consolador. Eles obtiveram avanços significativos e demonstraram que a erudição não anula o fervor espiritual da fé cristã. A teologia pentecostal dá ênfase às experiências pessoais do cristão, porém àquelas fundamentadas na Palavra de Deus.

Uma das características da dispensação da graça é o fato de Deus se comunicar com cada crente de modo individual, independentemente de sexo ou faixa etária — por meio de sonhos, visões, profecias e até pequenas coisas naturais do dia-a-dia (cf. At 2.17,18). Tais privilégios, nos tempos do Antigo Testamento, restringiam-se aos profetas ou a alguém escolhido para uma obra específica (Nm 12.6).

Os pentecostais resgataram a comunhão com o Cristo vivo, ressuscitado, como nos tempos do Novo Testamento. A batalha contra os liberais, os avanços nos estudos sobre o Espírito Santo e os seus dons, com as suas manifestações nos cultos e na vida pessoal de cada crente, são as principais contribuições do pentecostalismo na construção do pensamento teológico do século XX.

Teologia Sistemática Pentecostal, p.52: CPAD.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Resposta de Roger Olson para “Uma Resposta das Assembleias de Deus à Teologia Reformada”

Minha Resposta para “Uma Resposta das Assembleias de Deus à Teologia Reformada”

A Assembleia de Deus é uma das maiores - talvez a maior - denominação cristã evangélica que é essencialmente, historicamente, teologicamente, senão exclusivamente, arminiana.

Cresci como pentecostal, mas não na AD. No entanto o grupo pentecostal ao qual pertencia durante minha infância e até mesmo quando adulto era bastante semelhante às ADs em sua doutrina e prática. De fato, houve uma tentativa nos anos 60 de fundir as duas denominações. Meu pai estava no conselho nacional de nossa denominação quando a tentativa falhou; meu tio era o presidente.

Ao longo da vida, tenho tido interesse nas ADs. Há poucos anos, um líder da denominação entrevistou-me a respeito do meu livro “Teologia Arminiana: Mitos e Realidades”, para o seu podcast, destinado principalmente aos ministros dessa igreja. Ao aceitar o convite, escrevi um artigo sobre a expiação limitada para a revista das ADs. Então, há pouco tempo, fui convidado para falar na Central Assembly of God (Assembleia de Deus Central) no domingo pela manhã e à noite. Durante aquela visita, também falei na capela do seminário da AD e, após isso, tive um momento de “perguntas e respostas” com os estudantes e professores do seminário.

Há poucas semanas, um dos leitores mais frequentes do meu blog me pediu (em privado, por e-mail) para responder a um “posicionamento” oficial das ADs a respeito da “Teologia Reformada” relativamente novo. Quando visitei Springfield e conversei com líderes denominacionais das ADs, entendi que eles estavam preocupados com o crescimento do calvinismo “dentro das fileiras” (isto é, dentro das congregações assembleianas). Isso está acontecendo na maioria das denominações protestantes da América e igrejas evangélicas independentes por causa da popularidade dos livros, podcasts e sermões de John Piper. Contudo, as ADs têm sido historicamente arminianas em sua orientação teológica.

O chamado “Presbitério Geral” (composto por líderes da AD), ocasionalmente publica “posicionamentos” a respeito de temas controversos. Não sei como esses são adotadas pelas congregações. Entretanto, por fim, eles expressam a opinião geral da denominação.
Em Agosto desse ano (2015), o Presbitério Geral finalmente publicou a resposta à Teologia Reformada. O artigo pode ser encontrado com todas as posições das ADs em: 
http://ag.org/.../pp_response_to_reformed_theology_08....

Esse documento possui seis páginas, intitulado: “Uma Resposta das Assembleias de Deus à Teologia Reformada”. É tanto conciliador quanto irônico. O artigo explica bem tanto o calvinismo (ou “Teologia Reformada” que é, historicamente e teologicamente um pouco diferente do calvinismo não-reformado, como já havia explicado aqui várias vezes) quanto o arminianismo. Posteriormente, explana ainda os “pontos de concordância” entre calvinistas e arminianos. No entanto, a seção mais longa é dedicada aos “pontos de discordância”. Em geral, essa é uma descrição e discussão conciliadora dos calvinistas e arminianos que foi bem elaborada. Como um teólogo arminiano, porém, tenho umas poucas hesitações a respeito dessa descrição de arminianismo. A mais importante é a respeito da descrição do pelagianismo como uma “extrema forma de arminianismo”. Não considero o pelagianismo como qualquer forma de arminianismo, definitivamente não!

O tom geral da declaração é conciliador para com a teologia reformada e o calvinismo moderado, mas qualquer leitor com discernimento pode facilmente dizer que aqueles presbíteros que promulgaram a declaração veem a denominação das ADs como historicamente e teologicamente arminiana, ao invés de calvinista/reformada (veja, por exemplo, a frase e sua citação em parênteses na seção “Desenvolvimentos mais recentes ou ramos da árvore”). Todavia, em vão se procura por qualquer frase na declaração de que calvinistas seriam excluídos das ADs.

A conclusão diz: “Enquanto existem claras distinções entre aquele que se identifica como arminiano e aquele que se diz reformado (calvinista seria um melhor termo), existe - na verdade - mais o que nos une do que aquilo que nos divide na teologia. Os extremos de ambas as posições são rejeitados. Embora o ensino e a pregação individual de pastores de ambos os lados podem ser às vezes controvertidos, nós concordamos no imperativo de apresentar o evangelho ao perdido. É quando o pensamento reformado é estendido e levado ao extremo de remover toda a resposta humana que nós devemos rejeitá-lo e manter-nos fieis ao chamado e exemplo de Cristo e Seus discípulos, chamando todos a Ele e genuinamente oferecendo salvação a todos.”

Aplaudo os líderes da AD por serem conciliadores e enfatizarem pontos de convergência entre a “teologia reformada” (na verdade, calvinismo) e o arminianismo; entendo o desejo de não excluírem irmãos e irmãs calvinistas de sua comunhão. Por outro lado, parece irônico que o calvinismo possa ser aceito na AD (e me refiro especialmente a ministros ordenados) à luz do posicionamento da denominação em 1978 sobre “a segurança do crente” (a qual pode ser lida no mesmo endereço da web que mencionei acima). Aquele posicionamento diz: “O Conselho Geral das Assembleias de Deus desaprova a posição da segurança incondicional, a qual sustenta ser impossível para uma pessoa perder a sua salvação, uma vez que já foi salva”. Esta ainda é a doutrina oficial da AD e tenho sido informado por muitos pastores que eles devem reafirmar essa crença (ou negar a crença na “segurança eterna”) anualmente.

Então, onde está a ironia? Ela repousa no fato de o calvinismo acarretar logicamente na crença da “segurança eterna” (a “perseverança dos santos”), mesmo como descrito no posicionamento de agosto de 2015. Não conheço nenhuma pessoa reformada ou calvinista que não acredita nessa doutrina. É parte do sistema.

Assim, esses dois posicionamentos estão dizendo: “você pode estar na AD, como pastor ordenado, sendo um calvinista, desde que você afirme os primeiros quatro pontos da “TULIP” e não sustente o quinto ponto! ”. Porém o quinto ponto necessariamente segue os outros quatro! Se a eleição para a salvação é incondicional e se a graça salvífica é irresistível (qualquer que seja a palavra que se use), a perseverança é logicamente necessária (sim, sei que existem os monergistas que negam que a salvação é, de certa forma, dependente do livre arbítrio de responder a graça salvadora de Deus).

Em vão procurei no posicionamento algum ponto que pudesse necessariamente excluir calvinistas – mesmo entre os ministros. E ainda me parece que o posicionamento de 1978 não exclui calvinistas da AD.


Por fim, mostre-me um verdadeiro calvinista que não acredita na segurança incondicional eterna dos verdadeiros crentes, e lhe mostrarei um não-calvinista ou - ao menos - uma pessoa irremediavelmente confusa. Colocando de outra forma: mostre-me um ministro calvinista da AD, e lhe mostrarei alguém que está cruzando os dedos por detrás das costas quando estiver assinando a carta de reafirmação da crença de que uma pessoa pode perder a salvação.

Revisão: Plabyo Geanine
Traduçao: Marcia EliasMarcia Elias

domingo, 22 de novembro de 2015

A Continuidade dos dons


Por Geovane Lopes

Pentecostais Clássicos
Como pentecostais, cremos que os dons de 1 Coríntios 12 continuam vigentes nos dias hodiernos pois – à luz das Santas Escrituras – não encontramos nenhum ensino de que esses cessaram. Essa ideia de cessacionismo trata-se de uma revelação extrabíblica; acreditamos e buscamos o poder que vem do alto, poder esse que em muitas das vezes é evidenciado pelos dons espirituais. Entretanto, cabe salientar que nossa ênfase como cristãos não são os dons em si, mas sim, a salvação de nossas almas e a do próximo. É aqui que, sob o meu prisma, inicia-se a grande diferença.
Neopentecostais
O neopentecostal é aquele que enfatiza a prosperidade financeira e o dom da cura, chegando ao ponto de distorcer muitos textos das Escrituras, obtendo pretextos para essa busca desenfreada pelo bem estar aqui na terra. Dando uma ênfase excessiva pela cura, simplesmente ignoram o ensino de 1 Coríntios 12.11: “Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer”. De igual modo, por dar demasiado foco para a prosperidade financeira, caem na armadilha do amor ao dinheiro, segundo 1 Timóteo 6:10: “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores”.
Hiperpentecostal
O erro que eu observo no hiperpentecostal é o de pensar que qualquer movimento carnal é o poder do Espirito, chegando ao absurdo de acreditar que quanto maior for a bagunça no culto, maior é o poder que está sendo derramado. O hiperpentecostal considera o “reteté” como sendo o poder do Espirito, todavia esse poder espiritual que eles creem não possui nenhum embasamento bíblico, pelo contrario, é totalmente dispare aos ensinos santo sacros. Podemos citar, por exemplo, bater com terno, “jogar poder nas pessoas”, derrubando-as, assoprar para a pessoa "se encher de poder", entre outras aberrações. O hiperpentecostal caiu totalmente no misticismo e no sincretismo. Para mim, isso é o resultado de suprimirem principalmente os ensinos contidos em 1 Coríntios 14.
Conclusão
Concluo que, por abandonar ensinos claros das Escrituras, tanto o hiper como o neopentecostal entraram em exageros, caindo no sincretismo, misticismo e muitas vezes no pragmatismo. O mais triste disso é que eles são confundidos com o pentecostalismo clássico, visto que muitas igrejas pentecostais – infelizmente – aderiram às práticas neo e hiperpentecostais.

Revisão: Plabyo Geanine
Arte: 
 irmao Menezes Neto