sábado, 4 de abril de 2015

O Arminianismo e a doutrina da depravação total

Vamos a Doutrina da Depravação Total no arminianismo:

O teólogo pentecostal Dr. Bruce R. Marino diz:

As Escrituras ensinam que o pecado de Adão afetou muito mais que a ele próprio (Rm 5.12-21; 1 Co 15.21,22). Esta questão é chamada pecado original e postula três perguntas: até que ponto, por quais meios e em que base o pecado de Adão é transmitido ao restante da humanidade? Qualquer teoria do pecado original precisa responder as três perguntas e satisfazer os seguintes critérios bíblicos:

Solidariedade.

Toda a humanidade, em algum sentido, está unida ou vinculada, como numa única entidade, a Adão (por causa dele, todas as pessoas estão fora da bem aventurança do Éden; Rm 5.12-21; 1 Co 15.21,22).

Corrupção.

Por estar à natureza humana tão deteriorada pela Queda, pessoa alguma tem a capacidade de fazer o que é espiritualmente bom sem a ajuda graciosa de Deus. A esta condição chamamos CORRUPÇÃO TOTAL - ou DEPRAVAÇÃO TOTAL - da natureza.
Não significa que as pessoas não possam fazer algum bem aparente, apenas que nada do que elas façam será suficiente para torná-las merecedoras da salvação. E este ensino não é exclusivamente calvinista. Até mesmo Armínio (mas não todos os seus seguidores) descreveu o "livre-arbítrio do homem em favor do verdadeiro Bem", na condição de "preso, destruído e perdido... não tem nenhuma capacidade a não ser aquela despertada pela graça divina". A intenção de Armínio, assim como depois a de Wesley, não era manter a liberdade humana a despeito da Queda, mas asseverar que a graça divina era maior até mesmo que a destruição provocada pela Queda.

(Fonte: Teologia Sistemática uma perspectiva Pentecostal pagina 145)

Assim com esse breve relato sobre a Depravação Total, vamos mostrar que o Arminianismo clássico sempre defendeu essa doutrina começando em  Armínio depois os Remonstrântes e em Teólogos Arminianos essa doutrina.

A Depravação Total no ensino de Armínio:

Armínio ensinou que:


“o livre arbítrio não tem a capacidade de fazer ou aperfeiçoar qualquer bem espiritual genuíno sem a graça”.

Ele também disse que, sem a graça,

“o livre-arbítrio do homem em direção ao Verdadeiro Bem não está apenas ferido, mutilado, débil, inclinado, e enfraquecido; mas também aprisionado, destruído, e perdido: E seus poderes não estão apenas debilitados e inúteis a menos que eles sejam assistidos pela graça, mas não têm poder nenhum exceto se excitados pela graça divina”.

Sobre o estado caído do homem, ele disse:

“Em seu estado pecaminoso e caído, o homem não é capaz de e por si mesmo, quer seja pensar, querer ou fazer o que é, de fato, bom; mas é necessário que seja regenerado e renovado em seu intelecto, afeições ou vontade e em todas as suas atribuições, por Deus em Cristo através do Espírito Santo, para que seja capaz de corretamente compreender, estimar, considerar, desejar e realizar o que quer que seja verdadeiramente bom. Quando ele é feito um participante dessa regeneração ou renovação, eu considero que, uma vez que ele é liberto do pecado, ele é capaz de pensar, desejar e fazer o que é bom, mas, entretanto, não sem a contínua ajuda da graça divina”

Fontes:( Arminius, Works (Graça e livre arbítrio), v.2/172-4), (Works of Arminius, vol. 2, p. 192.), ( Works, v. 1. p. 659-660.)

Aqui quero dizer que Armínio tinha um conceito de Depravação Total até maior que Calvino, veja e compare tudo que foi dito até aqui com a declaração de Calvino:


"Isto, sem dúvida, será sempre evidente aos que julgam com acerto, ou, seja, que está gravado na mente humana um senso da divindade que jamais se pode apagar. Mais: esta convicção de que há algum Deus não só é a todos ingênita por natureza, mas ainda que lhes está encravada no íntimo, como que na própria medula, que a contumácia dos ímpios é testemunha qualificada, a saber, lutando furiosamente, contudo não conseguem desvencilhar-se do medo de Deus."

Fonte: Institutas, vol. 1, capítulo III...

O conceito da necessidade da Graça em Armínio prova que o mesmo acreditava em Depravação Total.

Arminio várias vezes ressaltou que sua crença na depravação total do homem era a mesma que todo calvinista crê, e da mesma forma a total necessidade da graça. Sua única divergência sobre isso era quanto ao modus operandi desta graça, se ela é irresistível ou não:

“Eu atribuo à graça o começo, a continuidade e a consumação de todo bem, e a tal ponto eu estendo sua influência, que um homem, embora regenerado, de forma nenhuma pode conceber, desejar, nem fazer qualquer bem, nem resistir a qualquer tentação do mal, sem esta graça preveniente e estimulante, seguinte e cooperante. Desta declaração claramente parecerá que de maneira nenhuma eu faço injustiça à graça, atribuindo, como é dito de mim, demais ao livre-arbítrio do homem. Pois toda a controvérsia se reduz à solução desta questão, „a graça e Deus é uma certa força irresistível‟? Isto é, a controvérsia não diz respeito àquelas ações ou operações que possam ser atribuídas à graça (pois eu reconheço e ensino muitas destas ações ou operações quanto qualquer um), mas ela diz respeito unicamente ao modo de operação, se ela é irresistível ou não. Em se tratando dessa questão, creio, de acordo com as Escrituras, que muitas pessoas resistem ao Espírito Santo rejeitam a graça que é oferecida”

Ele também disse:

“Todos os homens são, por natureza, filhos da desobediência‟ (Ef 2.3), merecedores da condenação e da morte temporal e eterna; eles são também desprovidos da retidão e santidade originais (Rm 5.12,18,19). Com estas maldades eles permaneceriam oprimidos para sempre, a menos que fossem libertos por Cristo Jesus; a quem seja a glória para todo o sempre”

Fonte: Works, v. 1. p. 659-660.Works, v. 1, p. 664. Works, v. 2, p. 156-157.

Diante destas citações de Armínio, até mesmo o calvinista mais fanático há de reconhecer que ele era um pregador da depravação total e da completa necessidade da graça. Cunningham, por exemplo, admitiu que:

“as declarações do próprio Armínio, em relação à depravação natural do homem, até o ponto que temos sido informados, são completas e satisfatórias”.

Sproul também confessou que:

“as maneiras de se expressar de Agostinho, Martinho Lutero ou de João Calvino dificilmente são mais fortes do que as de Armínio".

Aqui coloco esses calvinistas para mostrar que nao há como negar que Armínio e os arminianos clássicos nunca acreditara que o homem pode ir a Deus sozinho por estar em DT.

As visões dos Remonstrantes e de Wesley da condição humana

Não há melhor ponto de partida para examinar que a própria Remonstrância. Ela é o documento fundamental do Arminianismo clássico (além dos escritos de Armínio).

O 3ª e 4ª ponto da remonstrância mostra essa verdade:

3. Que o homem não podia obter a fé salvadora de si mesmo ou pela força de seu próprio livre-arbítrio, mas se encontrava carente da graça de Deus, através de Cristo, para ser renovado no pensamento e na vontade (Jo 15.5).

4. Que esta graça foi a causa do início, desenvolvimento e conclusão da salvação do homem; de forma que ninguém poderia crer nem perseverar na fé sem esta graça cooperante, e consequentemente que todas as boas obras devem ser atribuídas à graça de Deus em Cristo. Quanto ao modo de operação desta graça, no entanto, não é irresistível (At 7.51).

(fonte: The Opinions of the Remonstrants, 1618: The Opinion of the Remonstrants regarding the third and fourth articles, concerning the grace of God and the conversion of man, sections 1, 2, and 4


Simão Episcópio e seu conceito de Depravação Total.


 A primeira geração de remonstrantes, liderada por Simão Episcópio, seguiu a teologia de Armínio estritamente; não existe lugar mais claro para isso que a doutrina de Episcópio do pecado original e da depravação herdada. Episcópio mostra sua crença na depravação total ao falar da necessidade da Graça. Veja:



"Sem ela (Graça) nós não podemos nos libertar do fardo do pecado nem fazer, de jeito nenhum, qualquer coisa verdadeiramente boa na religião, nem finalmente algum dia escapar da morte eterna ou qualquer verdadeira punição de pecado. Muito menos nós somos capazes em algum momento de obter a salvação eterna por nós mesmos 
ou por quaisquer outras criaturas sem a graça"


ele considerava a condição humana como absoluta e completamente incapaz em assuntos espirituais à parte da graça 
especial. Veja o que Simão Episcópio diz:
"O homem... não tem fé salvífica de ou a partir de si; nem ele 
é nascido de novo ou convertido pelo poder de seu próprio livre- 
-arbítrio: vivendo no estado de pecado ele não pode pensar, muito 
menos desejar ou fazer qualquer coisa boa que seja, de fato, parcimoniosamente bom de ou a partir de si; mas é necessário que ele seja regenerado e totalmente renovado de Deus em Cristo pela Palavra do evangelho e pela virtude do Espírito Santo em conjunção com isso: para saber, em entendimento, afeições, vontade, e todas as suas atribuições (força) e faculdades, que ele possa ser capaz de corretamente entender, meditar, desejar e realizar estas coisas que são salvificamente (parcimoniosamente) boas"

Fonte: EPISCOPIUS, Simon. Confession of Faith of Those Called Arminians. London: Heart and Bible, 1684. p. 118 e 204.
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Depravação total em Wesley

Aqui cito Wesley,pois Armínio, Wesley e os Remonstrântes são essenciais para o entendimento do Arminianismo.


Wesley ao comentar Gênesis 6:5 diz:

 "As Escrituras asseveram que “pela desobediência de um homem todos os homens foram constituídos pecadores”; que “em Adão todos morreram”, morreram espiritualmente, perderam avida e a imagem de Deus: que, pecador decaído, Adão então “gerou um filho à sua própria semelhança” —e nem era possível que o gerasse segundo outra qualquer imagem, porque, “quem pode tirar uma coisa pura de uma coisa-impura?” — que, conseqüentemente, nós, como quaisquer outros homens, estamos por natureza “mortos em delitos e pecados”, “sem esperança e sem Deus no mundo”, e, portanto, somos “filhos da ira”; que todo homem pode dizer: “Fui gerado em iniquidade e em pecado minha mãe me concebeu”; que “não há diferença”, visto que “todos pecaram e foram destituídos da glória de Deus”, daquela gloriosa imagem de Deus segundo a qual o homem fora originariamente criado. E daí, quando “o Senhor olhou do alto para os filhos dos homens, viu que todos se desviaram; que eles se tornaram todos abomináveis, não havendo nenhum justo, nem sequer um”, ninguém que verdadeiramente busque a Deus, concordandoistocomoqueédeclaradopeloEspíritoSantonaspalavrasacimacitadas:“Deus viu”,quando olhou dos céus, “que a maldade do homem era grande na terra”; tão grande que “toda imaginação dos pensamentos de seu coração era somente má, e isto continuamente”. Este é o conceito de Deus acerca do homem, conceito que nos dará oportunidade de: primeiro, mostrar, o que todos Os homens eram antes do dilúvio; segundo, inquirir se eles não são os mesmos hoje; e, terceiro, acrescentar algumas inferências. "

Wesley continua e sua declaração no ponto um do mesmo sermão é ainda mais clara:

 Devo abrir, primeiro, as palavras do texto, para mostrar o que eram os homens antes do dilúvio. E podemos plenamente descansar no testemunho aí dado: porque Deus viu, e Ele não pode ter-se enganado. Ele “viu que a maldade do homem era grande”: — não deste ou daquele homem; não de uns poucos homens somente; não meramente da maior parte, mas do homem em geral; dos homens em sua universalidade. A palavra inclui toda a raça humana, todo participante da natureza humana. 

(fonte: Wesley, J., Sermon XLIV: Original Sin, in The Essential Works of John Wesley (2011: Barbour Publishing Inc.), p.128)

Creio ser desnecessário continuar com mais ditos de Wesley para provar suu crença na depravação total da natureza humana.

Arminianos posteriores e a doutrina da depravação total.

Richard Watson.

Watson afirmou a questão inequivocamente:

"O verdadeiro arminiano, tão plenamente quanto o calvinista, admite a doutrina da depravação total da natureza humana em conseqüência da queda de nossos primeiros pais."

Watson escreveu que o arminianismo nao concorda com a visão semi- pelagiana, mostrando sua crença na depravação total. Veja:

"Que a corrupção de nossa natureza, e não meramente sua maior responsabilidade de ser corrompida, é a doutrina que bíblica será aqui demonstrada. Esta visão [semipelagiana] não era a opinião de Armínio e nem a de seus seguidores imediatos. Também não é esta a opinião do vasto corpo de cristãos, frequentemente chamados de arminianos, que seguem as opiniões teológicas do Sr. Wesley."

Fonte: WATSON, Richard. TheologicalInstitutes. New York: Lane & Scott, 1851. v, 2, p. 48.

William Burton Pope.



"Nenhuma habilidade permanece no homem para voltar-se a 
Deus; e esta declaração concede e vindica o âmago do pecado original como interno. O homem natural [...] está sem o poder de até mesmo cooperar com a influência Divina. Cooperação com a graça é da graça. Portanto, ela se mantém eternamente livre do pelagianismo e do semipelagianismo."

Fonte: POPE, William Burton. A Compendium of Christian Theoíogy.New York: Phillips & Hunt, s/data. v. 2, p. 47.

Thomas Summers.


 "sem a graça, a vontade é má, pois a natureza do homem é tão má 
que ele, de si mesmo, não pode escolher aquilo que é certo"

SUMMERS, Thomas O. Systematic Theoíogy. Nashville: Publishing House of the Methodist Episcopal Church, South, 1888. v. 1, p. 64-5.

John Miley.

Na foto Miley esta em primeiro da direita para a esquerda
 "Quanto à descendência de Adão, todos nos herdamos a depravação de natureza na qual ele caiu em transgressão"






Wiley teólogo arminiano do Seculo 20.




“Os homens não apenas nascem debaixo da penalidade da morte como consequência do pecado, mas eles também nascem com uma natureza depravada, que em contraste com o aspecto legal da pena, é geralmente chamada de pecado inato ou depravação herdada.”

Wiley, Christian Theology, 2:98.


Com isso fica provado que o arminianismo crê na Depravação Total, entendo que nao seja necessário citar mais nenhum teólogo arminiano, pois o que foi mostrado neste humilde artigo já prova a crença arminiana na Depravação Total. Paz a Todos.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

O PECADO ORIGINAL: UMA ANÁLISE BÍBLICA

PECADO ORIGINAL: UMA ANÁLISE BÍBLICA

As Escrituras ensinam que o pecado de Adão afetou muito mais que a ele próprio (Rm 5.12-21; 1 Co 15.21,22). Esta questão é chamada pecado original e postula três perguntas: até que ponto, por quais meios e em que base o pecado de Adão é transmitido ao restante da humanidade? Qualquer teoria do pecado original precisa responder as três perguntas e satisfazer os seguintes critérios bíblicos:

Solidariedade. Toda a humanidade, em algum sentido, está unida ou vinculada, como numa única entidade, a Adão (por causa dele, todas as pessoas estão fora da bem aventurança do Éden; Rm 5.12-21; 1 Co 15.21,22).

Corrupção. Por estar à natureza humana tão deteriorada pela Queda, pessoa alguma tem a capacidade de fazer o que é espiritualmente bom sem a ajuda graciosa de Deus.

A Depravação Total.

A esta condição chamamos corrupção total - ou depravação - da natureza. Não significa que as pessoas não possam fazer algum bem aparente, apenas que nada do que elas façam será suficiente para torná-las merecedoras da salvação. E este ensino não é exclusivamente calvinista. Até mesmo Armínio (mas não todos os seus seguidores) descreveu o "livre-arbítrio do homem em favor do verdadeiro Bem", na condição de "preso, destruído e perdido... não tem nenhuma capacidade a não ser aquela despertada pela graça divina". A intenção de Armínio, assim como depois a de Wesley, não era manter a liberdade humana a despeito da Queda, mas asseverar que a graça divina era maior até mesmo que a destruição provocada pela Queda.

A Depravação Total na Bíblia

Assim a corrupção é reconhecida na Bíblia. Salmos 51.5 menciona Davi sendo concebido em pecado, ou seja: seu pecado remontava à concepção. Romanos 7.7-24 sugere que o pecado, embora morto, estava em Paulo desde o princípio. Mais categoricamente, Efésios 2.3 declara que todos somos "por natureza filhos da ira". "Natureza" (phusis) fala da realidade fundamental ou origem de uma coisa. Daí ser corrupto o "conteúdo" de todas as pessoas. Posto que a Bíblia ensina estarem corrompidos os adultos e que cada um produz o seu igual (Jó 14.4; Mt 7.17,18; Lc 6.43), os seres humanos forçosamente produzem filhos corruptos. A natureza corrupta produzindo filhos corruptos é a melhor explicação da universalidade do pecado. Embora vários trechos dos Evangelhos se refiram à humildade e à receptividade espiritual das crianças (Mt 10.42; 11.25,26; 18.1-7; 19.13-15; Mc 9.33-37,41,42; 10.13-16; Lc 9.4648; 10.21; 18.15-17), nenhum as afirma incorruptas. Realmente, algumas crianças são até mesmo endemoninhadas (Mt 15.22; 17.18; Mc 7.25; 9.17).

A universalidade do Pecado.

A pecaminosidade de todos. Romanos 5.12 declara que "todos pecaram". Romanos 5.18 diz que mediante um só pecado todos foram condenados, o que subentende que todos pecaram. Romanos 5.19 diz que mediante o pecado de um só homem todos foram feitos pecadores. Textos que falam da pecaminosidade universal não fazem exceções à infância. Crianças impecáveis seriam salvas sem Cristo, mas isto é antibíblico (Jo 14.6; At 4.12). Ser merecedor de castigo também indica o pecado. Ser merecedor de castigo. Todas as pessoas, até mesmo as crianças pequenas, estão sujeitas ao castigo. "Filhos da ira" (Ef 2.3) é um semitismo que indica o castigo divino (cf. 2 Pe 2.14).21 As imprecações bíblicas contra crianças (SI 137.9) indicam esse fato.

As crianças antes da idade de conhecimento moral

E Romanos 5.12 diz que a morte física (cf. 5.6-8,10,14,17) chega a todos porque todos têm pecado, aparentemente até as crianças. As crianças, antes da idade de responsabilidade ou consentimento moral (a idade cronológica provavelmente varia com o indivíduo), não são pessoalmente culpadas. As crianças não têm o conhecimento do bem e do mal (Dt 1.39; cf. Gn 2.17). Romanos 7.9-11 declara que Paulo "vivia" até à chegada da lei mosaica (cf. 7.1), a qual fez "reviver o pecado", que o enganou e matou espiritualmente.

A salvação das Crianças
A salvação das crianças. Embora as crianças sejam consideradas pecadoras e, portanto, passíveis do inferno, isso não significa que serão realmente mandadas para lá. Várias doutrinas indicam diferentes mecanismos para a salvação de algumas ou de todas: a eleição condicional dentro do calvinismo; o batismo das crianças dentro do sacramentalismo; a fé pré-consciente; a presciência de Deus de como a criança teria vivido; a graciosidade específica de Deus para com as crianças; a aliança implícita com uma família crente (talvez incluindo a "lei do coração", Rm 2.14,15), que toma o lugar da aliança com Adão; a graça preveniente (do latim, "que vem antes da" salvação) que oferece a expiação a todos que não têm idade para a prestação de contas. De qualquer maneira, podemos estar certos de que o "Juiz de toda a terra" faz tudo com justiça (Gn 18.25).


Adão e Cristo
O paralelo entre Adão e Cristo. Romanos 5.12-21 e, em grau menor, 1 Coríntios 15.21,22 enfatizam um nítido paralelo entre Adão e Cristo. Romanos 5.19 é especialmente relevante:

"Porque, como, pela desobediência de um só homem [Adão], muitos foram feitos [kathistêmi] pecadores, assim, pelo obediência de um [Cristo]muitos serão feitos [kathistêmi] justos".

No Novo Testamento, kathistêmi tipicamente se refere a uma pessoa nomeando outra para um cargo. Nenhum ato propriamente dito é exigido para receber o cargo. Logo, pessoas que não haviam pecado especificamente poderiam ser feitas pecadoras por Adão. Paralelamente à obra de Cristo, Adão, por um ato legal, pode qualificar as pessoas como pecadoras, mesmo não havendo pecado da parte delas. (Que a pessoa precisa "aceitar Cristo" para ser salva não pode fazer parte desse paralelo, pois crianças incapazes de conscientemente aceitar Cristo podem ser salvas; 2 Sm 12.23).

O pecado de Adão passou a todos.

Nem todos são iguais a Adão. Algumas pessoas claramente não pecaram da mesma maneira que Adão, mas cometeram outros pecados e morreram (Rm 5.14). O pecado de um só homem. Em Romanos 5.12, Paulo declara repetidas vezes que o pecado de um só homem trouxe condenação e morte (ver também 1 Co 15.21,22) a todas as pessoas.A terra amaldiçoada. Alguma base precisa ser identificada para a maldição lançada por Deus à Terra (Gn 3.17-18).
A impecabilidade de Cristo. É necessário reconhecer que Cristo possuía natureza humana completa, mas totalmente protegida do pecado.
A justiça de Deus. A justiça de Deus, que permitiu ao pecado de Adão passar a outras pessoas, precisa ser preservada.

(Fonte: Teologia Sistemática uma perspectiva Pentecostal pagina 145)