sábado, 4 de abril de 2015

O Arminianismo e a doutrina da depravação total

Vamos a Doutrina da Depravação Total no arminianismo:

O teólogo pentecostal Dr. Bruce R. Marino diz:

As Escrituras ensinam que o pecado de Adão afetou muito mais que a ele próprio (Rm 5.12-21; 1 Co 15.21,22). Esta questão é chamada pecado original e postula três perguntas: até que ponto, por quais meios e em que base o pecado de Adão é transmitido ao restante da humanidade? Qualquer teoria do pecado original precisa responder as três perguntas e satisfazer os seguintes critérios bíblicos:

Solidariedade.

Toda a humanidade, em algum sentido, está unida ou vinculada, como numa única entidade, a Adão (por causa dele, todas as pessoas estão fora da bem aventurança do Éden; Rm 5.12-21; 1 Co 15.21,22).

Corrupção.

Por estar à natureza humana tão deteriorada pela Queda, pessoa alguma tem a capacidade de fazer o que é espiritualmente bom sem a ajuda graciosa de Deus. A esta condição chamamos CORRUPÇÃO TOTAL - ou DEPRAVAÇÃO TOTAL - da natureza.
Não significa que as pessoas não possam fazer algum bem aparente, apenas que nada do que elas façam será suficiente para torná-las merecedoras da salvação. E este ensino não é exclusivamente calvinista. Até mesmo Armínio (mas não todos os seus seguidores) descreveu o "livre-arbítrio do homem em favor do verdadeiro Bem", na condição de "preso, destruído e perdido... não tem nenhuma capacidade a não ser aquela despertada pela graça divina". A intenção de Armínio, assim como depois a de Wesley, não era manter a liberdade humana a despeito da Queda, mas asseverar que a graça divina era maior até mesmo que a destruição provocada pela Queda.

(Fonte: Teologia Sistemática uma perspectiva Pentecostal pagina 145)

Assim com esse breve relato sobre a Depravação Total, vamos mostrar que o Arminianismo clássico sempre defendeu essa doutrina começando em  Armínio depois os Remonstrântes e em Teólogos Arminianos essa doutrina.

A Depravação Total no ensino de Armínio:

Armínio ensinou que:


“o livre arbítrio não tem a capacidade de fazer ou aperfeiçoar qualquer bem espiritual genuíno sem a graça”.

Ele também disse que, sem a graça,

“o livre-arbítrio do homem em direção ao Verdadeiro Bem não está apenas ferido, mutilado, débil, inclinado, e enfraquecido; mas também aprisionado, destruído, e perdido: E seus poderes não estão apenas debilitados e inúteis a menos que eles sejam assistidos pela graça, mas não têm poder nenhum exceto se excitados pela graça divina”.

Sobre o estado caído do homem, ele disse:

“Em seu estado pecaminoso e caído, o homem não é capaz de e por si mesmo, quer seja pensar, querer ou fazer o que é, de fato, bom; mas é necessário que seja regenerado e renovado em seu intelecto, afeições ou vontade e em todas as suas atribuições, por Deus em Cristo através do Espírito Santo, para que seja capaz de corretamente compreender, estimar, considerar, desejar e realizar o que quer que seja verdadeiramente bom. Quando ele é feito um participante dessa regeneração ou renovação, eu considero que, uma vez que ele é liberto do pecado, ele é capaz de pensar, desejar e fazer o que é bom, mas, entretanto, não sem a contínua ajuda da graça divina”

Fontes:( Arminius, Works (Graça e livre arbítrio), v.2/172-4), (Works of Arminius, vol. 2, p. 192.), ( Works, v. 1. p. 659-660.)

Aqui quero dizer que Armínio tinha um conceito de Depravação Total até maior que Calvino, veja e compare tudo que foi dito até aqui com a declaração de Calvino:


"Isto, sem dúvida, será sempre evidente aos que julgam com acerto, ou, seja, que está gravado na mente humana um senso da divindade que jamais se pode apagar. Mais: esta convicção de que há algum Deus não só é a todos ingênita por natureza, mas ainda que lhes está encravada no íntimo, como que na própria medula, que a contumácia dos ímpios é testemunha qualificada, a saber, lutando furiosamente, contudo não conseguem desvencilhar-se do medo de Deus."

Fonte: Institutas, vol. 1, capítulo III...

O conceito da necessidade da Graça em Armínio prova que o mesmo acreditava em Depravação Total.

Arminio várias vezes ressaltou que sua crença na depravação total do homem era a mesma que todo calvinista crê, e da mesma forma a total necessidade da graça. Sua única divergência sobre isso era quanto ao modus operandi desta graça, se ela é irresistível ou não:

“Eu atribuo à graça o começo, a continuidade e a consumação de todo bem, e a tal ponto eu estendo sua influência, que um homem, embora regenerado, de forma nenhuma pode conceber, desejar, nem fazer qualquer bem, nem resistir a qualquer tentação do mal, sem esta graça preveniente e estimulante, seguinte e cooperante. Desta declaração claramente parecerá que de maneira nenhuma eu faço injustiça à graça, atribuindo, como é dito de mim, demais ao livre-arbítrio do homem. Pois toda a controvérsia se reduz à solução desta questão, „a graça e Deus é uma certa força irresistível‟? Isto é, a controvérsia não diz respeito àquelas ações ou operações que possam ser atribuídas à graça (pois eu reconheço e ensino muitas destas ações ou operações quanto qualquer um), mas ela diz respeito unicamente ao modo de operação, se ela é irresistível ou não. Em se tratando dessa questão, creio, de acordo com as Escrituras, que muitas pessoas resistem ao Espírito Santo rejeitam a graça que é oferecida”

Ele também disse:

“Todos os homens são, por natureza, filhos da desobediência‟ (Ef 2.3), merecedores da condenação e da morte temporal e eterna; eles são também desprovidos da retidão e santidade originais (Rm 5.12,18,19). Com estas maldades eles permaneceriam oprimidos para sempre, a menos que fossem libertos por Cristo Jesus; a quem seja a glória para todo o sempre”

Fonte: Works, v. 1. p. 659-660.Works, v. 1, p. 664. Works, v. 2, p. 156-157.

Diante destas citações de Armínio, até mesmo o calvinista mais fanático há de reconhecer que ele era um pregador da depravação total e da completa necessidade da graça. Cunningham, por exemplo, admitiu que:

“as declarações do próprio Armínio, em relação à depravação natural do homem, até o ponto que temos sido informados, são completas e satisfatórias”.

Sproul também confessou que:

“as maneiras de se expressar de Agostinho, Martinho Lutero ou de João Calvino dificilmente são mais fortes do que as de Armínio".

Aqui coloco esses calvinistas para mostrar que nao há como negar que Armínio e os arminianos clássicos nunca acreditara que o homem pode ir a Deus sozinho por estar em DT.

As visões dos Remonstrantes e de Wesley da condição humana

Não há melhor ponto de partida para examinar que a própria Remonstrância. Ela é o documento fundamental do Arminianismo clássico (além dos escritos de Armínio).

O 3ª e 4ª ponto da remonstrância mostra essa verdade:

3. Que o homem não podia obter a fé salvadora de si mesmo ou pela força de seu próprio livre-arbítrio, mas se encontrava carente da graça de Deus, através de Cristo, para ser renovado no pensamento e na vontade (Jo 15.5).

4. Que esta graça foi a causa do início, desenvolvimento e conclusão da salvação do homem; de forma que ninguém poderia crer nem perseverar na fé sem esta graça cooperante, e consequentemente que todas as boas obras devem ser atribuídas à graça de Deus em Cristo. Quanto ao modo de operação desta graça, no entanto, não é irresistível (At 7.51).

(fonte: The Opinions of the Remonstrants, 1618: The Opinion of the Remonstrants regarding the third and fourth articles, concerning the grace of God and the conversion of man, sections 1, 2, and 4


Simão Episcópio e seu conceito de Depravação Total.


 A primeira geração de remonstrantes, liderada por Simão Episcópio, seguiu a teologia de Armínio estritamente; não existe lugar mais claro para isso que a doutrina de Episcópio do pecado original e da depravação herdada. Episcópio mostra sua crença na depravação total ao falar da necessidade da Graça. Veja:



"Sem ela (Graça) nós não podemos nos libertar do fardo do pecado nem fazer, de jeito nenhum, qualquer coisa verdadeiramente boa na religião, nem finalmente algum dia escapar da morte eterna ou qualquer verdadeira punição de pecado. Muito menos nós somos capazes em algum momento de obter a salvação eterna por nós mesmos 
ou por quaisquer outras criaturas sem a graça"


ele considerava a condição humana como absoluta e completamente incapaz em assuntos espirituais à parte da graça 
especial. Veja o que Simão Episcópio diz:
"O homem... não tem fé salvífica de ou a partir de si; nem ele 
é nascido de novo ou convertido pelo poder de seu próprio livre- 
-arbítrio: vivendo no estado de pecado ele não pode pensar, muito 
menos desejar ou fazer qualquer coisa boa que seja, de fato, parcimoniosamente bom de ou a partir de si; mas é necessário que ele seja regenerado e totalmente renovado de Deus em Cristo pela Palavra do evangelho e pela virtude do Espírito Santo em conjunção com isso: para saber, em entendimento, afeições, vontade, e todas as suas atribuições (força) e faculdades, que ele possa ser capaz de corretamente entender, meditar, desejar e realizar estas coisas que são salvificamente (parcimoniosamente) boas"

Fonte: EPISCOPIUS, Simon. Confession of Faith of Those Called Arminians. London: Heart and Bible, 1684. p. 118 e 204.
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Depravação total em Wesley

Aqui cito Wesley,pois Armínio, Wesley e os Remonstrântes são essenciais para o entendimento do Arminianismo.


Wesley ao comentar Gênesis 6:5 diz:

 "As Escrituras asseveram que “pela desobediência de um homem todos os homens foram constituídos pecadores”; que “em Adão todos morreram”, morreram espiritualmente, perderam avida e a imagem de Deus: que, pecador decaído, Adão então “gerou um filho à sua própria semelhança” —e nem era possível que o gerasse segundo outra qualquer imagem, porque, “quem pode tirar uma coisa pura de uma coisa-impura?” — que, conseqüentemente, nós, como quaisquer outros homens, estamos por natureza “mortos em delitos e pecados”, “sem esperança e sem Deus no mundo”, e, portanto, somos “filhos da ira”; que todo homem pode dizer: “Fui gerado em iniquidade e em pecado minha mãe me concebeu”; que “não há diferença”, visto que “todos pecaram e foram destituídos da glória de Deus”, daquela gloriosa imagem de Deus segundo a qual o homem fora originariamente criado. E daí, quando “o Senhor olhou do alto para os filhos dos homens, viu que todos se desviaram; que eles se tornaram todos abomináveis, não havendo nenhum justo, nem sequer um”, ninguém que verdadeiramente busque a Deus, concordandoistocomoqueédeclaradopeloEspíritoSantonaspalavrasacimacitadas:“Deus viu”,quando olhou dos céus, “que a maldade do homem era grande na terra”; tão grande que “toda imaginação dos pensamentos de seu coração era somente má, e isto continuamente”. Este é o conceito de Deus acerca do homem, conceito que nos dará oportunidade de: primeiro, mostrar, o que todos Os homens eram antes do dilúvio; segundo, inquirir se eles não são os mesmos hoje; e, terceiro, acrescentar algumas inferências. "

Wesley continua e sua declaração no ponto um do mesmo sermão é ainda mais clara:

 Devo abrir, primeiro, as palavras do texto, para mostrar o que eram os homens antes do dilúvio. E podemos plenamente descansar no testemunho aí dado: porque Deus viu, e Ele não pode ter-se enganado. Ele “viu que a maldade do homem era grande”: — não deste ou daquele homem; não de uns poucos homens somente; não meramente da maior parte, mas do homem em geral; dos homens em sua universalidade. A palavra inclui toda a raça humana, todo participante da natureza humana. 

(fonte: Wesley, J., Sermon XLIV: Original Sin, in The Essential Works of John Wesley (2011: Barbour Publishing Inc.), p.128)

Creio ser desnecessário continuar com mais ditos de Wesley para provar suu crença na depravação total da natureza humana.

Arminianos posteriores e a doutrina da depravação total.

Richard Watson.

Watson afirmou a questão inequivocamente:

"O verdadeiro arminiano, tão plenamente quanto o calvinista, admite a doutrina da depravação total da natureza humana em conseqüência da queda de nossos primeiros pais."

Watson escreveu que o arminianismo nao concorda com a visão semi- pelagiana, mostrando sua crença na depravação total. Veja:

"Que a corrupção de nossa natureza, e não meramente sua maior responsabilidade de ser corrompida, é a doutrina que bíblica será aqui demonstrada. Esta visão [semipelagiana] não era a opinião de Armínio e nem a de seus seguidores imediatos. Também não é esta a opinião do vasto corpo de cristãos, frequentemente chamados de arminianos, que seguem as opiniões teológicas do Sr. Wesley."

Fonte: WATSON, Richard. TheologicalInstitutes. New York: Lane & Scott, 1851. v, 2, p. 48.

William Burton Pope.



"Nenhuma habilidade permanece no homem para voltar-se a 
Deus; e esta declaração concede e vindica o âmago do pecado original como interno. O homem natural [...] está sem o poder de até mesmo cooperar com a influência Divina. Cooperação com a graça é da graça. Portanto, ela se mantém eternamente livre do pelagianismo e do semipelagianismo."

Fonte: POPE, William Burton. A Compendium of Christian Theoíogy.New York: Phillips & Hunt, s/data. v. 2, p. 47.

Thomas Summers.


 "sem a graça, a vontade é má, pois a natureza do homem é tão má 
que ele, de si mesmo, não pode escolher aquilo que é certo"

SUMMERS, Thomas O. Systematic Theoíogy. Nashville: Publishing House of the Methodist Episcopal Church, South, 1888. v. 1, p. 64-5.

John Miley.

Na foto Miley esta em primeiro da direita para a esquerda
 "Quanto à descendência de Adão, todos nos herdamos a depravação de natureza na qual ele caiu em transgressão"






Wiley teólogo arminiano do Seculo 20.




“Os homens não apenas nascem debaixo da penalidade da morte como consequência do pecado, mas eles também nascem com uma natureza depravada, que em contraste com o aspecto legal da pena, é geralmente chamada de pecado inato ou depravação herdada.”

Wiley, Christian Theology, 2:98.


Com isso fica provado que o arminianismo crê na Depravação Total, entendo que nao seja necessário citar mais nenhum teólogo arminiano, pois o que foi mostrado neste humilde artigo já prova a crença arminiana na Depravação Total. Paz a Todos.

17 comentários:

  1. Por causas diversas e adversas me declaro não ser Arminiano e nem Calvinista.

    Sou apenas de Cristo..... o nosso Jesus,

    O menor

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    1. Quer dizer que se eu me declaro arminiano nao sou de Cristo? Olha meu caro se declarar arminiano nao é o mesmo de dizer nao sou de Cristo, assim como se dizer pentecostal ou Luterano nao é sinônimo de idolatria a Lutero ou a Charles Phram. Somos arminianos pq acreditamos na soteriologia que diz:

      Jesus morreu por todos
      Que o homem nao pode se chagar a Deus sem que a graça o capacite (depravação tota ou incapacidade total).
      Que essa graça é resistível.
      Que Deus ama a todos e deseja que todos se salvem.

      Em fim meu irmao, rótolos nao definem! Rótolos explicam. Eu sou pentecostal, arminiano pré tribulacionista, traducionista e sendo tudo isso, nao deixo de ser Cristão.

      Paz em Cristo.

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    2. Querido irmão !
      Não sou calvinista, mas creio que Jesus Cristo não morreu por todos !
      O que creio, é que Jesus Cristo, morreu apenas por aqueles que ESCOLHEREM se arrepender dos seus pecados e escolherem fazer de Jesus Cristo, seu senhor (por esses sim creio que Jesus Cristo morreu na cruz) !

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    3. Querido irmao Diogo, paz seja com o irmao.

      Irmao, Jesus morreu por todos a bíblia é clara, sao inúmeros textos que mostram essa verdade. O que causa confusão é o argumento de:

      "Se Cristo morreu por todos e nem todos sao salvos, entao Cristo morreu em vão!"

      Esse argumento esta errado, pois ele só seria valido se a expiação fosse pecuniária, mas sabemos que a expiação é no sentido penal e por isso Deus pode aceitar o sacrifício de Cristo na cruz como pagamento pola ofensa de todos os homens, mas porem colocando condições para que o homem possa se beneficiar da satisfação judicial feita na cruz. A condição posta por Deus é unica e exclusivamente a fé.

      Paz em Cristo.

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  2. Paz irmão! Como o arminianismo entende o processo da salvação e as etapas? Quando acontece o novo nascimento, a regeneração e conversão? Qual é a ordem dos acontecimento?

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    1. Paz meu irmao,

      O arminianismo entende que a fé é anterior a regeneração a pessoa precisa crer para ser regenerado e ter nova vida, pois é impossível ser nova criatura sem crer em Cristo primeiro. O texto do especialista em arminianismo Paulo Cesar explica bem o pensamento arminiano:

      POR QUE A FÉ PRECEDE A REGENERAÇÃO

      – EM PRIMEIRO LUGAR, as Escrituras afirmam que a fé precede a regeneração (Is 55.3; Jo 3.1-16; Jo 5.25, 40; Jo 20.31; Rm 5.18; Cl 2.12, 13).

      – EM SEGUNDO LUGAR, para dar início a uma obra em nós (regeneração), Deus precisa fazer uma obra fora de nós (justificação). A justificação, portanto, deve preceder a regeneração, e como a justificação é pela fé, a fé precede a regeneração.

      – EM TERCEIRO LUGAR, visto que a nossa sentença de morte é devida ao pecado, essa sentença deve ser colocada de lado antes que possamos desfrutar de uma nova vida. Alguém ainda sob condenação não pode logicamente vir a desfrutar de uma nova vida. Em outras palavras, Deus não pode regenerar uma pessoa enquanto uma sentença de morte pesa sobre ela. Para que ela possa desfrutar de uma nova vida, é preciso haver uma liberação de sua pena, ou seja, a pessoa precisa ser justificada de seus pecados. Portanto, a justificação, e a fé, precedem a regeneração.

      – EM QUARTO LUGAR, a fé é o meio pelo qual nós nos apropriamos dos benefícios da morte de Cristo, e visto que a regeneração é um benefício da morte de Cristo, a fé deve preceder a regeneração. O raciocínio é simples e lógico:

      1. A fé é o meio pelo qual nós nos apropriamos dos benefícios da morte de Cristo.

      2. A regeneração é um benefício da morte de Cristo.

      3. Logo, a fé é o meio pelo qual nós nos apropriamos da regeneração.

      – EM QUINTO LUGAR, a Bíblia é enfática que a fé precede a salvação. Por exemplo, Paulo diz em Atos 16.31, “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa.” E sendo a regeneração um componente da salvação, a fé precede a regeneração. Novamente, o raciocínio é simples e lógico:

      1. A fé precede a salvação.

      2. A regeneração é parte integrante da salvação.

      3. Logo, a fé precede a regeneração.

      – EM SEXTO LUGAR, a santificação está baseada na justificação e tem início na regeneração. O calvinista Louis Berkhof afirma, em sua Teologia Sistemática, que “a justificação precede à santificação e lhe é básica” e que “a regeneração é o princípio da santificação” (3ª ed., 1994, p. 540). Se colocarmos tudo isso em ordem, veremos claramente que a justificação precede a regeneração. Portanto, a fé precede a regeneração.

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    2. Anderson... a Paz.

      Pelo seu comentário você é sinergista humano/divino.

      Mas o arminianismo clássico é sinergista divino/humano.

      Primeiro Deus regenera o homem totalmente depravado e sem condições de apresentar uma fé salvífica.

      Jacobus Arminius pronunciou estas palavras em suas obras:

      Neste estado [caído], o livre-arbítrio do homem para o verdadeiro bem não está apenas ferido, enfermo, inclinado, e enfraquecido; mas ele está também preso, destruído, e perdido. E os seus poderes não só estão debilitados e inúteis a menos que seja assistido pela graça, mas não tem poder algum exceto quando é animado pela graça divina (Obras de Armínio Vol I).

      Além disso, um de seus seguidores mais próximos, Simon Episcopius, disse:

      Homem não tem fé salvadora em si mesmo; nem ele nasce de novo ou se converte pelo poder de seu próprio livre arbítrio: se achando no estado de pecado, ele não pode pensar, muito menos querer ou fazer qualquer bem que seja de fato salvificamente bom a partir de si mesmo: mas é necessário que ele seja regenerado e totalmente renovado por Deus em Cristo pela Palavra do Evangelho e pela virtude do Espírito Santo, em conjunto com o seguinte: no entendimento, afeições, vontade e todos os seus poderes e faculdades, para que ele possa ser capaz de compreender, meditar, querer e realizar essas coisas que são salvificamente boas.([22] Simon Episcopius, Confessions of Faith of Those Called Arminians (London: Heart & Bible, 1684), 118.)

      O que o irmão defende não é arminianismo, não o de Jacob Arminius, aliás ele mesmo não aceita e confrontou essa ideia. A posição do irmão revela um semi-pelagianismo.

      Deus o abençoe !

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    3. Paz seja com o irmao.

      É um erro pensar que Arminio cria que a regeneração precede a fé. Nessa época não existia a Ordo salutis e eles pensavam na questao como que acontecendo ao mesmo tempo e nao em ordem separada. Essa regeneraçao a qual arminiano se refere é uma iluminação de sentidos e nao como creem os calvinistas ser uma regeneração completa. Simao Episcopius segue o mesmo entendimento. O arminianismo nao pregra nada de humano divino na salvação e a fé é possibilitada pela graça. A isso nos arminianos chamamos de graça preveniente que capacita o homem caído a responder ao chamado da graça é a graça que vai primeiro e torna possivel a resposta ao chamado do evangelho, mas nao faz a regeneração no sentido de salvação. Essa apenas acontece diante da nao resistência a graça subsequente. Portanto nao sou pelagiano achando que o homem da o primeiro passo para, mas na verdade defendo o arminianismo que diz que a fé vem por meio da pregação do evangelho (Romanos 10.17) e o motivo de alguns nao crerem é a resistência a essa graça que capacita a resposta, mas porque nem todos creem? A resposta é simples, porque resistem ao Espirito Santo (Atos 7.51). Agora apenas para provar o que estou falando tem um artigo muito bom que vou te indicar sobre o assunto que mostra claramente que nao existia uma ordem Ordo salutis na epoca de Armínio e remostrantes. Tal definição só vira apos o sínodo politico de Dort. Portanto, eles usavam as palavras regeneração nao como se usa hoje em dia, mas dependo do sentido, ela era usada como significando iluminação. Calvino também titula o capítulo 3 do livro 3 de suas Instituas como “Somo Regenerados Mediante a Fé”, colocando a fé precedendo a regeneração.

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    4. Neste mesmo capítulo, artigo 1 (Edição clássica – Latim, p. 70), ele afirma:

      Ora, uma vez que Cristo nos confere ambas essas coisas, isto é, novidade de vida e reconciliação graciosa, e a ambas alcançamos pela fé, discute-se a razão e método de ensinar, ambas as quais começo a dissertar neste ponto.

      Calvino, ao comentar os textos de 1Jo 5.1 e Jo 1.13, também afirma:

      Ele confirma por outra razão que a fé e o amor fraternal estão unidos, pois visto que Deus nos regenera pela fé, ele deve necessariamente ser amado por nós como um Pai, e este amor compreende todos os seus filhos.

      Podem pensar que o evangelista inverte a ordem natural fazendo a regeneração preceder a fé, ao passo que, ao contrário, a regeneração é efeito da fé, e portanto deve ser posicionada depois. Eu respondo que ambas as afirmações concordam perfeitamente, pois pela fé recebemos a semente incorruptível (1Pe 1.23), pela qual somos nascidos de novo a uma vida nova e divina.

      Como pode ver Calvino esta tratando a fé como anterior a regeneração. Assim fica evidente que os teologos anteriores a Arminio nao usavam o termo regeneração como se usa hodiernamente. Isso fica evidente se olhamos para vários teólogos do passado. Vamos a mais considerações:

      Em seu Prefácio à Carta aos Romanos, Lutero declara:

      Fé é uma obra de Deus em nós, a qual transforma-nos e leva-nos a nascer novamente de Deus (cf. João 1).

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    5. Fé é uma obra de Deus em nós, a qual transforma-nos e leva-nos a nascer novamente de Deus (cf. João 1).

      Theodore Beza, o sucessor de Calvino em Genebra, argumenta:

      Da mesma forma como a alma produz os seus efeitos quando é naturalmente unida ao corpo, assim, quando pela fé, Jesus Cristo habita em nós de uma maneira espiritual, Seu poder ali produz e revela Suas graças. Essas são descritas nas Escrituras pelas palavras “regeneração” e “santificação”, e fazem-nos novas criaturas no que diz respeito às qualidades que podemos ter (João 3:03, Efésios 4:21-24).

      Melanchthon, reformador luterano e autor da Confissão de Augsburgo (1530), escreve em “Apologia da Confissão de Augsburgo” (1531):

      Esta fé especial, pela qual o homem crê que os pecados lhe são remitidos por Cristo, e que Deus é aplacado, e é propício, por amor de Cristo, obtém, portanto, a remissão dos pecados e nos justifica. E porque no arrependimento, isto é, nos terrores, consola e erige os corações, nos regenera e traz o Espírito Santo, a fim de então podermos cumprir a lei de Deus, a saber, amar a Deus, temê-Ia veramente, afirmar veramente que Deus atende preces, obedecer-lhe em todas as aflições, mortificar a concupiscência.

      Zacharias Ursinus (1534-1583), co-autor do Catecismo de Heidelberg (1562), em seu comentário sobre o mesmo catecismo, escreve:

      Em resumo, os efeitos da fé são justificação e regeneração, que é iniciada nesta vida e será perfeita no porvir (Rm 3:28; 10:10; Acts 13:39).

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    6. Jacó Arminio, semelhante a Calvino, considerou a união com Cristo a porta de entrada salvação. Para ele, todas as bênçãos salvíficas, inclusive a regeneração, vinham através da união com Cristo, mediante a fé. Isto ele declarou de maneira muito consistente:

      Porque Cristo se torna nosso pela fé, e somos enxertados em Cristo, feitos membros do seu corpo, da sua carne e dos seus ossos, e desta forma estabelecidos com ele, unidos ou conectados juntos, para que possamos receber dele o poder vivificante do Espírito Santo, pelo qual o velho homem é mortificado e ressuscitado para uma nova vida. [

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    7. O teólogo holandês foi ainda mais contundente ao declarar que a fé precede a regeneração. Neste discurso ele não tinha em mente uma “ordem”, mas sim a ideia de uma “condição” para união com Cristo e para consequente regeneração:

      Além disso, mesmo a verdadeira fé viva em Cristo precede a regeneração estritamente considerada, e consiste da mortificação ou morte do velho homem, e a vivificação do novo homem, como Calvino, na mesma passagem de suas Institutas, publicamente declarou, e de uma maneira que concorda com as Escrituras e com a natureza da fé.

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    8. Note a expressão “estritamente considerada” e a definição de regeneração declarada logo em seguida. Arminio desejou restringir a aplicação do vocábulo “regeneração”. Parece-nos estranho que um termo teológico tão bem estabelecido e definido necessite ser qualificado para possibilitar seu correto entendimento. Acontece que, na época, o termo carregava um significado flexível e o professor sentiu a necessidade de indicar ao intérprete a que evento estava a se referir. Desta forma, Arminio utilizou a expressão para apontar estritamente para a mortificação do velho homem e vivificação do novo, um conceito aparentemente bem próximo do atual, embora muito mais objetivo. Enfim, para ele, estritamente considerada, a regeneração, enquanto benefício da salvação (novo nascimento), somente ocorreria mediante a união com Cristo através da fé.

      3.2 Arminio empregou o termo regeneração para fenômenos distintos

      O eminente teólogo de Leiden fez uso de significados distintos para “regeneração”. Ecoando as vozes de sua época, ele algumas vezes tratou da regeneração como a própria salvação, enfatizando o processo progressivo de santificação iniciado nesta vida e perfeito somente no porvir. Arminio afirmou que as “obras de regeneração e iluminação não são completadas em um único momento” e, “por esta razão, em pessoas regeneradas, enquanto residem nestes corpos mortais, a carne cobiça contra o espírito (Gl 5:17).”

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    9. Adicionalmente, Arminio considerou a “regeneração” ora como a própria obra do novo nascimento, ora como um processo preparatório para o novo nascimento (iluminação, pesar pelo pecado, temor, etc.). Algumas vezes também se referiu à regeneração como a soma dessas duas definições, ou seja, obras preparatórias seguidas da própria vivificação. Neste último caso, obviamente a regeneração aparece como um processo progressivo, no entanto, não indica que exista algum momento antes da “regeneração estritamente considerada” em que o homem seja “parcialmente regenerado”.


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    10. Caro, Anderson...eu gostaria de ler alguma critica sobre o Sínodo de Dort baseada no adjetivo que destes em seu comentário acima "no Sínodo político de Dort". Você pode me ajudar nisto?

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  3. A distinção de significados fica muito clara quando ele traça uma fronteira ente o homem não regenerado e o regenerado. Ele define que a expressão “não regenerado” pode ser aplicada a dois tipos de homens: (1) aos que permanecem privados do elemento inicial da ação do Espírito, e (2) aos que estão experimentando a ação preparatória do Espirito Santo, porém ainda não nasceram novamente. Segundo ele, o homem que experimenta a ação do Espírito e está no processo de regeneração (iluminação) ainda não é regenerado (vivificado):

    “Porque o termo ‘não-regenerado’ pode ser entendido em dois sentidos:

    (1) ou denota aqueles que não experimentaram nenhuma ação do Espírito regenerador, ou de seu direcionamento ou preparação para a regeneração, os quais são, portanto, privados do elemento inicial da regeneração;

    (2) ou pode significar aqueles que estão no processo do novo nascimento e experimentam a ação do Espírito Santo que pertence ou à preparação, ou à própria essência da regeneração, mas que ainda não estão regenerados; isto é, eles são trazidos a confessar os seus pecados, a lamentar por causa deles, a desejar a libertação e buscar o Libertador que tem lhes sido apresentado; mas eles não estão ainda equipados com o poder do Espírito pelo qual a carne ou o velho homem é mortificado, e pelo qual um homem, sendo transformado em novidade de vida, é feito capaz de executar obras de justiça”.

    Se, tanto o homem que permanece em um estado de escuridão total, quanto o homem que está em processo de iluminação e de arrependimento, são pessoas “não-regeneradas” (ainda não vivificadas pelo Espírito), segue-se que todas as obras iniciais realizadas pelo Espírito, mesmo que sejam ditas parte do processo de regeneração, não implicam no próprio ato do novo nascimento; são obras antecessoras e preparatórias. Ele deixa isso ainda mais claro no seu discurso sobre Romanos 7:

    “Mas um homem não regenerado não é apenas aquele que é totalmente cego, ignorante da vontade de Deus, que consciente e voluntariamente se contamina por pecados sem nenhum remorso de consciência,” […] mas também é aquele “que é afetado com uma sensação dolorosa do pecado, é oprimido com seu fardo e é contristado segundo Deus — que sabe que a justiça não pode ser adquirida pela lei, e que está , portanto, compelido a fugir para Cristo. Por todas essas particularidades, de qualquer maneira que sejam consideradas, elas não pertencem à essência e as partes essenciais de regeneração, penitência, ou arrependimento, que são mortificação, vivificação e despertamento; mas são apenas coisas anteriores, e podem ter algum lugar entre os começos, e, se for da vontade de alguém, elas podem ser reconhecidas como as causas do arrependimento e da regeneração, conforme Calvino eruditamente e nervosamente explicou-lhes em suas Institutas Cristãs (Lib. 3, cap. 3.)”.

    O conceito de obras preparatórias distintas da regeneração não é uma criação de Arminio. Além de John Owen e dos clérigos ingleses presentes em Dort, muitos outros puritanos dos séculos XVI e XVII como William Perkins (1558-1602), William Ames (1586-1633) e Richard Sibbes (1577-1635) [38], além do co-autor do Catecismo de Heidelberg Zacharias Ursinus (1534-1583) e, segundo Jacó Arminio, os próprios Beza e Calvino defenderam a ideia de uma graça preparatória e antecedente à regeneração, cuja essência difere do novo nascimento. Alguns deles, como Owen, descreveram esta graça como uma ação do Espírito, mediante a pregação do evangelho, que antecede qualquer benefício da salvação. Ela ilumina, convence, subsidia a mudança de comportamento e capacita o homem a preparar-se para receber a regeneração. Outros, como Perkins e Calvino, descreveram-na como um temor produzido por Deus que atinge o coração do homem, o qual convence-o de sua miséria.

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  4. Quero ainda indicar um artigo completo de um especialista em arminio e arminianismo que escreveu sobre o assunto e que teve seus comentários transcritos por mim. O estudo inteiro sobre o assunto está no site: http://deusamouomundo.com/arminius/jaco-arminio-regeneracao-e-fe/

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