Alguma vez o amor obriga? Minha resposta à O não controlado amor de Deus, de thomas jay oord
Tradução: Marcia Elias
Revisao de texto: Plabyo Geanine Nunes de Oliveira
O título e informação de publicação do livro é: O
Descontrolado Amor de Deus: Uma Exposição da Providência Aberta e Relacional, por
Thomas Jay Oord (InterVarsity Press, 2015).
O título deste post é minha
resposta porque, em seu livro, Oord menciona especificamente meu nome como
alguém de quem ele discorda. Desejo que os leitores tenham isso em mente quando
eu discordar de Oord. Não levo a divergência que ele tem comigo como uma
questão pessoal, nem considero que ele esteja tentando causar dano à minha
carreira e reputação; quando eu discordar dele, também não estou tentando
prejudica-lo. Espero que Oord não considere minha posição como uma ofensa.
Infelizmente, tudo isso tem de ser dito por causa de dois fatos:
1) no ambiente teológico evangélico de hoje é difícil
separar divergência de caça à heresia, e:
2) discordar é frequentemente confundido com um ataque à
inteligência ou perspicácia de alguém.
Eu conheço Oord e o considero um teólogo sério,
inteligente e comprometido com a Bíblia. O fato de discordar dele não quer
dizer que eu não o estime. Tenho certeza de que ele diria o mesmo a meu
respeito se eu o perguntasse sobre a divergência que tem comigo.
O livro de Oord, O Descontrolado Amor de Deus,
representa a tentativa que ele faz para articular uma nova interpretação cristã
a respeito da providência de Deus. Quando resume sua posição, que ele rotula
como Deus é essencialmente kenótico, Oord diz: “eu acho esse modelo
de providência mais convincente. Na verdade, eu o criei [...]” (pág. 94). Então,
o que é o novo modelo de providência de Deus segundo Oord? Eis aqui em poucas
palavras: “o modelo de Deus, como essencialmente kenótico, significa que a
eterna natureza de Deus é amor não controlado. Por causa do amor, Deus
necessariamente oferece liberdade/agência às criaturas, e Deus age delegando e
inspirando a criação com vistas ao bem-estar. Deus também necessariamente
mantém as leis do universo porque elas derivam da eterna natureza do amor Dele.
A aleatoriedade no mundo e o livre-arbítrio são reais, e Deus não é um ditador
que misteriosamente puxa as cordas. Deus nunca controla os homens. No entanto, às vezes, Deus
age misteriosamente, de formas não coercitivas. Providencialmente, Ele guia e
chama toda a criação para o amor e beleza” (pág. 9; grifo meu).
Este breve resumo do ponto de vista de Oord a respeito da
providência de Deus aparece no capítulo 4 do livro Modelos da Providência de Deus, no qual o autor também me menciona
como um defensor de um modelo de providência que ele denomina como “Deus
capacita e sobrepuja”. Ele afirma que esse é o ponto de vista mais comum a
respeito da providência de Deus entre “a média” dos crentes (pág. 86). Deve-se
perguntar o que média significa nessa declaração. Está ele desse modo sugerindo
que há uma porcentagem de crentes – seja lá o que isso significa – com outros
pontos de vista? É apenas uma palavra, entretanto seu uso levanta perguntas
desnecessárias. Acho que seria melhor dizer que é o ponto de vista mais comum
entre os cristãos, o que deve ser o caso, provavelmente.
Então, qual é o ponto de vista que Oord atribui a mim –
juntamente com Alvin Plantinga? Aqui está o parágrafo onde Oord especificamente
me menciona: “Roger Olson [...] recorre à noção de que Deus permite o mal sem
desejá-lo. Nada pode acontecer sem que Deus permita, afirma Olson, porém isso
não é o mesmo que dizer que ele causa ou
deixa determinado todas as coisas, e certamente não o mal, o pecado ou o
sofrimento do inocente” (pág. 87). A fonte dessas citações é: O que há de errado com o Calvinismo?, que
postei aqui em 22 de Março de 2013.
Agora, perceba, por favor, que nessa seção do Capítulo 4,
Oord coloca a mim e meu ponto de vista junto com o de outras pessoas, como Marc
Speed, Jack Cottrell e Alvin Plantinga. Nós quatro somos exemplos escolhidos
por Oord do modelo que ele chama de “Deus capacita e sobrepuja”. Estou seguro de
que minha opinião não é exatamente a mesma que a deles e, em alguns pontos, é até
inconsistente. Sei, por exemplo, que não concordo com a opinião de Cottrell. Usei
o livro dele, O que a Bíblia fala a respeito de Deus o Governante (Wipf
& Stock, 2000), como texto em um seminário sobre providência divina e o
problema do mal (entre outros). Aqui não vou detalhar nossas diferenças, mas
apenas registrar que o ponto de vista de Cottrell e o meu, a respeito da
providência divina, não são os mesmos. Se eles são semelhantes o suficiente
para ser colocados em uma simples categoria é discutível. Não comentarei isso
aqui.
Cito isso somente
porque ao classificar a posição de Oord junto com a teologia do processo, não
estou sugerindo que ele concorda com todos os pontos dessa teologia,
ou com qualquer processo em particular das opiniões de teólogos sobre a
providência de Deus. Se é justo para Oord colocar minha opinião sobre a
providência de Deus na mesma categoria de Cottrell e Plantinga, então é justo
eu o colocar na mesma categoria da teologia do processo, sem sugerir que ambos
são completamente idênticos. Apenas significa que, em certos pontos cruciais,
eles são semelhantes o suficiente para pertencerem à mesma categoria.
Por último, no final do capítulo onde apareço junto com
Cottrell e Plantinga, Oord critica meu ponto de vista, e o deles, porquanto os
vê como um modelo, reclamando que sofrem de “inconsistência explanatória” (pág.
88). Eis o resumo da crítica dele: “embora esse modelo permita a seus
defensores dizer que Deus não é a fonte do mal, o entendimento a respeito do
poder divino O torna responsável por fracassar em prevenir o mal genuíno. Se
Ele é capaz de controlar tudo, mas falha em prevenir o mal, é difícil crer que Ele
ama perfeitamente. Deus permanece culpável” (pág. 89). É claro que eu já
havia visto essa crítica antes – a maioria, na verdade, exclusivamente (o
quanto posso me lembrar), de teólogos da teologia do processo.
De acordo com Oord, o seguinte modelo, que ele denomina
de “Deus é voluntariamente autolimitado”, sofre a mesma falha. Os dois
protótipos desse são de John Polkinghorne e Philip Clayton. A diferença entre
esse e o modelo “Deus capacita e sobrepuja”, parece repousar, primariamente, em
se Deus, alguma vez,
intervém para alterar o livre arbítrio das pessoas e fazer algo acontecer
coercitivamente, que de outra forma não aconteceria. Em outras palavras, é a
questão da intervenção divina.
Após expressar uma grande apreciação com esse modelo, Oord finalmente o acha
defeituoso para que ele o aceite, e a razão resulta da mesma (como no modelo “Deus
capacita e sobrepuja”): “Sustentando um Deus capaz de controlar, embora permita
o mal com várias perguntas sem respostas” (pág. 94).
Em todo O Descontrolado Amor de Deus, estão
algumas declarações muito surpreendentes. Uma aparece na crítica de Oord ao
modelo que ele atribui a Polkinghorne e Clayton: “acho difícil, senão
impossível, obedecer de boa-fé (muito menos adorar) um Deus que, para manter
uma promessa, permite o mal” (pág. 93). Oord concorda com João Calvino em não
haver nenhuma distinção entre a vontade de Deus e permissão de Deus (pág. 92).
É claro, ele discorda de Calvino sobre outras coisas. A promessa de Deus que
Oord rejeita é não interferir com o
livre arbítrio, embora Ele pudesse.
Um teólogo-filósofo evangélico que Oord não menciona, mas
deveria, é Michael Peterson. Eu o mencionei aqui antes, e recomendei fortemente
o seu livro O Mal e o Deus Cristão (Baker, 1982). Peterson é um
companheiro Wesleyano com Oord (ao menos em suas tradições eclesiásticas e
teológicas). Ele lecionou por muitos anos na Faculdade Asbury; Oord leciona em
uma universidade Nazarena. O projeto de Peterson em seu livro é responder aos
desafios de Oord, de que um Deus de amor deve intervir poderosamente
para frear o mal e o sofrimento do inocente, se ele tem o poder de
fazê-lo. Peterson fornece explicações de consistência suficiente para dissipar
a queixa de Oord a respeito dos dois modelos mencionados acima. Peterson
explica que um Deus de perfeito amor e com poder absoluto, não pode dar
às criaturas verdadeiro livre arbítrio libertário e intervir para impedir todos os abusos desse livre
arbítrio. Em outras palavras, à luz das explicações de Peterson (e de outros) a
respeito dos modelos que fazem distinção entre a vontade e permissão de Deus, a
crítica de Oord não se sustenta. Dado o fato de que a vontade de Deus é que
suas criaturas humanas tenham suficiente e genuíno livre arbítrio, para
obedecer ou desobedecer a Ele livremente, e mais a verdade da queda da
humanidade e da criação em corrupção pelo mal-uso desse livre arbítrio, Deus,
perfeitamente em amor e competência, não pode simplesmente prevenir, inclusive,
os abusos gratuitos do livre arbítrio (ou desastres naturais), sem que destrua
todo o projeto.
Eu realmente gostaria que Oord tivesse lido e respondido
ao argumento de Peterson em O Mal e o Deus Cristão (ou ao semelhante
argumento de Greg Boyd’s em Deus é Culpado?). Creio que eles
satisfatoriamente desfazem a crítica de inconsistência explanatória.
Apresento, agora, minha divergência com o próprio modelo
de Oord da providência como kenosis
essencial – de que amor perfeito, incluindo o amor de Deus (que deve ser o
único amor perfeito) – nunca coage ninguém ou qualquer situação.
Meu próprio método teológico, como expliquei aqui
inúmeras vezes (assim como em O Mosaico da Fé Cristã) é uma versão ao
que é atribuído à John Wesley pelo estudioso Albert Outler: o tão denominado Quadrilátero Wesleyano. Sendo uma
proposta teológica, deve ser testada (nessa ordem): Escritura, tradição, razão
e experiência.
Então, o que é exatamente o modelo de Oord? Ao invés de
explicar isso aqui em detalhe, e ao invés de citar mais do livro, focarei no
que considero ser a questão principal que ele levanta e tenta responder. De acordo com Oord, do que entendo do
propósito dele (é claro que estou aberto a correções), Deus nunca atua para
fazer algo acontecer de forma que não aconteceria sem o consentimento, ou mesmo
esperada cooperação, das criaturas envolvidas. Em outras palavras, Deus não faz nada sem o consentimento
humano; Ele precisa que o homem concorde, ou até mesmo coopere, para que Ele
possa agir. Assumidamente, essas são minhas palavras em uma
tentativa de resumir a essência da proposta de Oord, na medida que contrasta
com outros modelos da providência de Deus agindo no mundo. Acho que é a mais
polêmica afirmação que ele faz.
Duas palavras com c
aparecem frequentemente no livro de Oord: controlar
e coagir. Ele argumenta, com
frequência, que esses tipos de atividades são inconsistentes com amor
verdadeiro, como forma da própria essência de Deus. Assim, porque ele é
perfeito amor, Deus não pode intervir no mundo fazendo
com que as coisas aconteçam sem a permissão e cooperação das criaturas. A
limitação do poder de Deus, então, não é voluntária; é essencial, dado a
natureza de amor que ele tem.
Muitas coisas vêm à minha mente. É importante dizer,
primeiramente, que Oord, ao contrário de muitos teólogos do processo, acredita na Bíblia. Se ele interpreta a Bíblia corretamente é outra
questão.
Eis a minha primeira pergunta: é necessariamente
verdadeiro que o amor nunca
controla ou coage o amado? Eu questiono essa premissa. Posso pensar em inúmeros
exemplos nos quais o verdadeiro e perfeito amor iria controlar, se o pudesse, e
até coagir o amado. Eu concordo que o amor sequer controla exaustivamente o amado, mas eu duvido, até nego, que o amor nunca interfere, unilateralmente,
para controlar ou coagir o amado. Imagine um cônjuge suicida, o qual, em
uma viagem de navio ao Caribe, demonstra vontade de se lançar ao mar. Quem
questionaria o amor do cônjuge que impediria isso sem o consentimento ou
cooperação do suicida?
Tendo dito isso, a fim de prevenir que isso se levante
contra mim, devo dizer que também
existem circunstâncias onde o amor não
controlaria ou coagiria o amado. Eu não acho, por exemplo, que seria
amável um cônjuge trancar o companheiro no porão para evitar que ele ou ela
abandonasse o casamento – quaisquer que sejam as razões.
Tudo que estou dizendo, ao contrário da pressuposição de
Oord, é que certamente existem possíveis
circunstâncias, que todos podemos imaginar, onde o amor verdadeiro intervém, unilateralmente, para controlar o
amado, sem o consentimento dele ou dela. Então eu me afasto de Oord no
início, no nível da pressuposição.
Minha segunda pergunta é: o Deus da Bíblia no qual Oord acredita (tanto em Deus e na Bíblia
como Sua Palavra inspirada) alguma vez interviu, interferiu, poderosamente e
unilateralmente, sem o consentimento das pessoas, para controla-las, a fim de
fazer algo acontecer a ele ou ela, que de outra forma não teria acontecido?
Oord acredita que não. O seu capítulo final é Milagres e o Deus da Providência. Deixo claro que Oord acredita em milagres. O que ele nega é que qualquer milagre de Deus foi ou seja unilateral, controlado e
coercitivo. Vejamos dois dos maiores milagres na narrativa bíblica – dois que
Oord acredita que aconteceram: o êxodo
e a ressurreição de Jesus.
Oord acredita, e tenta explicar, tanto
o consentimento como a participação das pessoas envolvidas. Em nenhum dos casos
Deus agiu sem algum grau de cooperação das coisas ou pessoas afetadas, declara ele.
É aqui que, francamente, considero as explicações dele
tortuosas. Na verdade, elas se tornam tão extravagantes e obscuras que eu não as
imagino como verdadeiras. Por exemplo, no êxodo de Israel do Egito, Oord sugere
que Deus conhecia de antemão o vento que separaria as águas do Mar Vermelho;
assim sendo, enviou Moisés para liderar o povo Hebreu até aquele local,
justamente na hora certa de caminhar através do Mar em terra seca. Alguém pode
perguntar: com que frequência esse fenômeno aconteceu? Por exemplo, no caso do
corpo de Jesus ressuscitado, Deus o fez viver novamente para nova vida, vida
imortal, com o consentimento do próprio Jesus. Sendo verdade, suponho que
alguém pode argumentar e crer, mas ainda deve-se questionar sobre todas as
outras circunstâncias ao redor e incluídas no evento da ressurreição. Mas nos
atentemos à outra ressurreição: a de Lázaro. Jesus obteve o consentimento de
Lázaro antes de ressuscitá-lo? Em determinado ponto, Oord menciona que o
consentimento de alguém pode ocasionalmente substituir o consentimento da
pessoa diretamente afetada pelo ato divino (quando o consentimento delas é
impossível). Aqui parece ser o caso. Contudo isso é consistente com toda a tese
de Oord? E se Lázaro não quisesse ser ressuscitado?
De quem Jesus obteve consentimento para tornar água em
vinho?
Há todos os eventos bíblicos nos quais Deus aparentemente
agiu (ou agirá conforme profetizado) resultando em grande dano para as pessoas: o dilúvio nos dias de Noé, a morte
de Ananias e Safira (Atos 5), o julgamento e punição dos anjos rebeldes e dos
pecadores no fim dos tempos.
Chega. Honestamente, eu simplesmente não acho que o ponto
de vista de Oord sobre os milagres funciona à luz de todas as histórias de
milagres da Bíblia. Do que leio na Escritura, Deus não precisa do consentimento ou cooperação das pessoas para agir
poderosamente – até mesmo com milagres. No fim, parece-me que a crítica de Oord
ao meu ponto de vista – inconsistências explanatórias – se volta contra ele
mesmo, na medida em que ele acredita em todos os milagres da Bíblia ou nos do
Novo Testamento, e na proporção em que ele crê que Deus agirá poderosamente no
fim dos tempos, para derrotar o mal e estabelecer o governo do Seu reino.
Respeito as intenções de Oord; eu simplesmente não
acredito que as exposições dele funcionem como modelo da providência bíblica.
Nem acho que elas sejam necessárias. Admito, por exemplo, que o motivo pelo qual Deus intervém
para curar uma pessoa em alguns casos, mas não em outros, é realmente um
mistério. Todavia não acho que Deus seja arbitrário. Concordo com E. Frank
Tupper em seu magistral A Scandalous Providence: The Jesus Story of the
Compassion of God (Mercer University Press), que, em todos os casos de
tragédias e sofrimento de inocentes, Deus “faz tudo que pode fazer”, dada as
particularidades da circunstância. Juntar-me-ia a Greg Boyd, em Deus é
Culpado?, que somente Deus conhece as leis que governam suas intervenções,
mas há leis que, se nós as conhecêssemos e entendêssemos, explicariam tudo.
Claramente discordo com o modelo da providência divina
proposto por Oord, assim como ele discorda do meu. E como ele coloca meu ponto
de vista junto com o de Cottrell e Plantinga, em um modelo denominado capacita e sobrepuja, então eu colocaria
o modelo dele em uma categoria e a chamaria de teologia do processo, mesmo não
sendo exatamente como as dos teólogos dessa teologia (Cobb, Griffin, etc).
Suspeito que Oord embriagou-se profundamente nos poços da teologia do processo
e está tentando talhar uma ideia da providência divina que não vá tão longe
como essa teologia, mas satisfaz a todas as questões básicas dela. A preocupação
básica que dirige a ideia de Oord e dos teólogos do processo é: por que Deus não intervém poderosamente para
impedir o mal acontecer? Mas tanto para Oord, como para os teólogos do
processo, a resposta que eles estabelecem custa muito em termo da liberdade e
poder de Deus.
Entretanto, havendo exposto isso, diria ainda que não
considero a opinião de Oord heresia. Ele a interrompe bem próximo do que julgo
heresia na teologia do processo – panenteísmo, a dependência que Deus tem do
mundo para efetivamente ser (em
oposição a potencialmente ser). Se me
perguntassem, eu votaria na ideia de Oord como consistente com a teologia bíblica-evangélica cristã, mesmo que
eu considere que ela seja errada vai bem longe em direção à teologia do
processo. Para mim, o modelo de Oord é apenas um passo de bebê em direção à teologia
do processo, mas não é culpado da heresia que faz dela não ser bíblica, não
evangélica e mesmo não cristã.
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