Armínio e a questão da perseverança dos
santos.
Por
Pr. Anderson de Paula.
Paz e graça a todos os amados irmãos.
Recebi recentemente um texto das “Obras de Armínio” que alguns calvinistas
estão usando para tentar mostrar que Armínio defendia a perseverança dos
Santos. Alguns querendo dizer que nos arminianos, não conhecemos direito
Armínio, pois dizemos que Armínio defendia a possibilidade de apostasia. Eles
(calvinistas) estão usando para apoiar que Armínio defendia a impossibilidade
de perda da salvação, o texto das recentemente traduzidas “Obras de Armínio” na
pagina 232 onde Armínio diz o seguinte texto (vou postar o texto até a parte
que os calvinistas estão citando):
“O meu Sentimento a respeito da perseverança dos santos é que as pessoas
que foram enxertadas em Cristo, pela fé verdadeira, e assim têm se tornado
participantes de seu precioso Espirito vivificador, dispõem de poderes
suficientes ou forças para lutar contra Satanás, contra o pecado, contra o
mundo e sua própria carne, e para obter a vitória sobre esses inimigos, mas não
sem a ajuda da graça do Espirito Santo. Jesus Cristo, também pelo seu Espirito
Santo, as auxilia em todas as tentações que enfrentam, e lhes proporciona o
pronto socorro de sua mão; também entendo que Cristo os guarda não deixando
cair, desde que tenham se preparado para a batalha, implorando a sua ajuda, e
não querendo vencer por suas próprias forças. De modo que não é possível para
eles, por qualquer astúcia ou poder de Satanás, serem seduzidos ou arrancados
das mãos de Cristo.”
Pois bem, deste texto (que está fora de
contexto, pois esta recortado) os calvinistas destacam dois pontos (ambos fora
de contexto...), que vamos ver agora o primeiro ponto:
“... as pessoas que foram enxertadas em
Cristo, pela fé verdadeira, e assim têm se tornado participantes de seu
precioso Espirito vivificador, dispõem de poderes suficientes ou forças para
lutar contra Satanás, contra o pecado, contra o mundo e sua própria carne, e
para obter a vitória sobre esses inimigos, mas não sem a ajuda da graça do
Espirito Santo...”
Esse texto de maneira nenhuma desmerece a teologia arminiana ou é diferente ao
que defendemos, pois nos arminianos cremos que mesmo após a conversão
precisamos da graça de Deus para lutar contra Satanás, o pecado, contra o mundo
e contra a própria carne. Nisso nos concordamos, o problema é que os
calvinistas acrescentam a esse texto o seguinte:
“A pessoa regenerada, ela recebe a
capacitação de Deus para lutar contra o pecado e contra as tentações do inimigo
de nossas almas. Não se trata, portanto de uma capacidade própria, mas de uma
capacitação do Espirito Santo.”
Apesar dessas palavras não estarem nas declarações originais de Armínio, nos
arminianos concordamos com elas, pois realmente toda a força para suportar as
provações vem de Deus. Deus sempre nos dará o escape para que possamos
suportar, conforme o texto de Paulo diz:
Não veio sobre vós
tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do
que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais
suportar (1 Coríntios 10:13).
Assim, entendemos que, é de Deus que vem o socorro na
tribulação e é dele que vem a força para que não desfaleçamos na fé. Porem essa
capacitação não é de maneira incondicional. Assim o “enxerto” feito às palavras
de Armínio serve para semi- pelagianos ou pelagianos, mas não para os
arminianos! Acreditados que é de Deus que vem a capacidade para vencer o mal e
sem essa graça não teríamos forças para vencer Satanás, o pecado, o mundo e a
carne. Assim concluo que sempre acreditamos (como Armínio) que a capacitação
vem de Deus! Falar o contrario, simplesmente mostra um desconhecimento do
arminianismo.
O segundo ponto que os calvinistas destacam é esse:
“... também pelo seu Espirito Santo, as
auxilia em todas as tentações que enfrentam, e lhes proporciona o pronto
socorro de sua mão; também entendo que Cristo os guarda não deixando cair, desde que tenham se preparado para a
batalha, implorando a sua ajuda, e não querendo vencer por suas próprias
forças. De modo que não é possível para eles, por qualquer astúcia ou poder de
Satanás, serem seduzidos ou arrancados das mãos de Cristo..."
Esse ponto parece ser crucial para o calvinista provar certo calvinismo em Armínio,
mas como demonstraremos nem de longe tal texto da base para isso.
Vejam que Armínio coloca uma condição para que alguém possa ter a ajuda de
Cristo, quando diz:
“... desde que tenham se preparado para a
batalha, implorando a sua ajuda, e não querendo vencer por suas próprias forças...”.
Em outras
palavras, para ter a ajuda do Espirito Santo é necessário se preparar para a
Batalha e mesmo assim implorar a ajuda de Cristo, não confiando nas próprias forças,
pois do contrario cairemos diante das tribulações. Nos arminianos
acreditamos que a segurança está em Cristo! E enquanto estivermos em Cristo
nenhuma força do mal pode nos tirar dele. Agora não se pode negligenciar textos
como o de Hebreus 6, onde claramente se vê a possibilidade da apostasia, mas
não vou fazer uma exegese aqui sobre o assunto. Apenas quero mostrar a desonestidade
de tirar os textos de Armínio do contexto.
Agora vamos voltar para o texto do próprio Armínio sem recortes e dentro do
contexto (a parte recortada esta em destaque). Armínio disse:
“
... também pelo
seu Espirito Santo, as auxilia em todas as tentações que enfrentam, e lhes
proporciona o pronto socorro de sua mão; também entendo que Cristo os guarda
não deixando cair, desde que tenham se preparado
para a batalha, implorando a sua ajuda, e não querendo vencer por suas próprias
forças. De modo que não é possível para eles, por qualquer astúcia ou poder de
Satanás, serem seduzidos ou arrancados das mãos de Cristo. Mas acho útil
e que será muito necessário em nossa primeira convenção (ou sínodo) INSTRUIR
UMA INVESTIGAÇÃO DILIGENTE DAS ESCRITURAS, afim de que não seja possível que
alguns indivíduos, por negligencia, abandonem o inicio da sua existência em
Cristo, e unam – se novamente ao presente século mau, declinando da Sã doutrina
que uma vez lhe foi entregue, e que percam a boa consciência, fazendo com que a
graça divina ineficaz em suas vidas. Em bora aqui, de FORMA ABERTA e ingênua
afirme que nunca ensinei que um verdadeiro crente pode tanto cair totalmente
distanciando – se da fé, e perecer, NÃO VOU ESCONDER QUE HÁ PASSAGENS DAS
ESCRITURAS QUE PAREÇAM USAR ESTE ASPECTO; e, segundo meu entendimento, há
respostas para elas que me fora permitido ver, que não são tão boas a ponto de
aprovava – lãs em todos os pontos. POR OUTRO LADO, CERTAS PASSAGENS SÃO
PRODUZIDAS PARA A DOUTRINA CONTRARIAS (a perseverança dos santos) QUE SÃO
DIGNAS DE MUITA CONSIDERAÇÃO.”
Nesta passagem Armínio estava mostrando e pedindo para que pudesse ser estudado
mais acuradamente a questão. Em outras palavras Armínio tinha deixado em aberto
a questão da perseverança dos santos para um melhor estudo sobre a mesma. A questão
transparece nos escritos de Armínio ao nos depararmos com seu comentário sobre
a certeza da salvação na pagina 233 de suas obras. Vamos à declaração de
Armínio:
“... Não me atrevo a colocar essa garantia
(perseverança dos santos, pois Armínio estava terminando suas considerações
sobre o assunto) em igualdade com aquela pela qual sabemos que há um só Deus, e
que Cristo é o Salvador do mundo. No entanto, será adequado fazer da medida dos
limites desta garantia um objeto de investigação em nossa convenção (ou
sínodo).”
Podemos ver mais uma vez, que Armínio aqui tinha deixado a questão em
aberto para um estudo mais acurado, pois segundo Armínio as argumentações a
respeito da perca da salvação eram melhores, enquanto as que defendiam a
impossibilidade da apostasia eram fracas e não convenciam. Assim concluo que
Armínio neste texto ainda não tinha fechado a questão.
Depois de tudo isso pode surgir à pergunta, Armínio fechou a questão? Com
respeito a isso peço aos leitores que esperem meu próximo artigo ou que leiam
as paginas 434 e 435 das obras de Armínio.
Fontes dos textos de Armínio: Obras de Armínio paginas 232 e 233.
··.