Antigamente
no Brasil os evangélicoseram denominados "Bíblias". Esse
tratamento, sem dúvida, vinha-lhes em virtude de viverem o Evangelho. O seu
testemunho era tão convincente que o mundo atestava estar diante de uma
"Bíblia".
Não
importava, naqueles dias, que o apelido ou nome lhes fosse dado ou imposto por
desdém ou em lugar de cruz; o que importava era que o mundo lesse nas vidas dos
salvos o que está escrito nas páginas da Bíblia, e assim acontecia. Homens
como J. M. da Conceição, que abandonou a batina para dedicar-se à pregação do
Evangelho e que ofereceu sua vida em holocausto voluntário à obra de
evangelização do Brasil, palmilhando estradas que cortam os Estados em todas
as direções, sem atentar para outra recompensa a não ser a coroa da vida, insistimos,
crentes dessa tempera merecem ser chamados "Bíblias".
Entretanto,
com grande tristeza, notamos que hoje tudo mudou. O mundo não vê na conduta de
cada crente uma "Bíblia", e se não tem motivos justos para tratar o
crente de “Bíblia", algum eclipse espiritual interrompeu o brilho da luz
do céu impedindo que essa luz reflita a beleza de Cristo.
A
Bíblia não perdeu nem perderá seu fulgor, mas os crentes perderam o primeiro
amor; o Livro de Deus continua a ser o mesmo luzeiro dos séculos, porém os crentes
distanciaram-se da cruz. A Bíblia fala a mesma linguagem divina, entretanto os
cristãos depressa se acomodaram com o linguajar do Egito e com o paladar das
cebolas.
Os
homens já não vêem "Bíblias", como outrora, andando pelas ruas e
cruzando as praças, evangelizando e deixando o aroma de Cristo por onde quer
que passavam, impondo respeito ao próprio Demônio. Que vêem os homens, em
lugar de "Bíblias"? Verão homens carregados de preconceitos e leis
eclesiásticas? Verão alguém mais interessado por um pergaminho do que pela
salvação dos pescadores? Atentarão para homens impando de orgulho
denominacional, gloriando-se em estatísticas sem verificar se é palha ou grão?
A
prosperidade material da igreja nem sempre é índice de crescimento espiritual.
Melhor do que orgulho denominacional ou qualquer outra espécie de orgulho,
melhor, repetimos, é orar a Deus que dê à Sua Igreja cristãos de qualidade,
homens que adornem a coroa com seus talentos e com sua fidelidade, dos quais se
possa dizer que seus caracteres são de ouro de elevado quilate.
Muitas
cristãos suspiram pelo dia em que sejam maioria para governar a nação, mas
talvez não tenham presente a qualidade de cristãos que são dignos de governar.
A ver a maioria mandar e governar sem Cristo, embora se diga cristã, é
preferível que tal não aconteça. Mil vezes ser minoria entre as nações, mas
conservar a vida espiritual dos domínios da fé, a encher a.
boca de ordens e assinar decretos sem a assistência de Deus.
O
mundo não se interessa muito pela vida da Igreja, mas repara quando há grupos
de pessoas egoístas que, cegos pela política religiosa, investem uns contra outros,
enquanto as almas sem Cristo são envolvidas e tragadas pelos laços que o
pecado e a maldade armaram em cada encruzilhada.
Cristãos
de hoje, não ficais compungidos pelo quadro desolador que se apresenta diante
de vossos olhos? Não vos dói o coração por haverdes perdido a luz e a graça que
ornavam os mártires e conservavam as feras a distância? Não vos pesa a
consciência de haverdes perdido essa atração do nome de JESUS que era uma bandeira
Dizei-me,
cristãos de hoje, quem vos enganou e vos iludiu, fazendo-vos crer que é melhor
ser reverenciado como hipócrita do que desprezado mas temido como
puritano? Não creais em tal engodo de Satanás.
Se
o Diabo conseguir acorrentar-vos aos preconceitos e roubar a vossa conduta e o conceito de cristão, acenando com lisonjas e honrarias, depressa concluireis
que perdestes na transação e, ainda mais, após serdes vencidos, sereis também
humilhados.
Satanás
não vos poupará. Depois de vos desarmar, zombará da vossa fé, blasfemará contra
vosso Deus, desafiará a virtude dos santos e vos lançará em rosto a fraqueza.
Cristãos
de hoje, não cedais uma polegada no terreno da crença em Deus. Honrai a
confissão que fizestes ao aceitar o Evangelho, transformai a zombaria em gozo,
fazei da vossa fé um tesouro mui amado com o qual alcançareis o que nenhum
dinheiro consegue — um lugar com Jeová e seu Filho no novo céu e na nova terra.
Fonte: domínios
da fé pagina 30.
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